terça-feira, 3 de julho de 2012

Psicólogos e psicopatas

Psicólogos e psicopatas Escrito por Olavo de Carvalho . . Não creio que a atração erótica entre pessoas do mesmo sexo seja antinatural e não vejo mesmo nenhum motivo, em princípio, para classificá-la como doença. Também é fato que o termo "homossexualismo" não corresponde a um fenômeno homogêneo e sim a uma variedade de impulsos, desejos e comportamentos, numa gama que vai desde a repulsa ao outro sexo até a completa identificação com ele. Se na linguagem da propaganda condutas tão díspares são reduzidas artificialmente à unidade de símbolos ideológicos, com valores opostos conforme as preferências de quem os use, isso não é motivo para que os profissionais da saúde mental se deixem levar por idêntica histeria semântica e, violando a regra mais básica da técnica lógica, tirem conclusões unívocas de termos equívocos. Resta, ademais, um fato incontornável: como toda e qualquer outra conduta sexual humana, o homossexualismo, em toda a diversidade das condutas que o termo encobre, nem sempre emana de um desejo sexual genuíno. Pode, em muitos casos, ser uma camuflagem, uma válvula de escape para conflitos emocionais de outra ordem, até mesmo alheios à vida sexual. É possível e obrigatório, nesse caso, falar de falso homossexualismo, de homossexualismo neurótico ou mesmo psicótico, para distingui-lo do homossexualismo normal, nascido de um autêntico e direto impulso erótico. A proibição de dar tratamento psicológico a pacientes que sintam desconforto com a sua vida homossexual resulta num impedimento legal de distinguir entre esses dois tipos de conduta especificamente diferentes, entre o mero impulso sexual e a sintomatologia neurótica, equalizando, portanto, homossexualismo e doença. Por outro lado, essa diferença, em cada caso concreto, não pode ser estabelecida a priori, mas só se revela no curso da psicoterapia mesma. É previsível que, uma vez removido o conflito profundo, o interesse pela prática homossexual diminuirá ou desaparecerá nos portadores de homossexualismo neurótico, ao passo que os homossexuais normais continuarão a sê-lo como antes. A proibição de distingui-los resulta, portanto, em encobrir a neurose sob uma carapaça de proteção legal, fazendo do Estado o guardião da doença em vez de guardião da saúde. A proposta de consagrar aquela proibição em lei revela, nos seus autores, a incapacidade de fazer distinções clínicas elementares, e esta incapacidade, por sua vez, nos dá a prova incontestável de uma incultura científica e de uma inépcia profissional suficientes para justificar que essas pessoas sejam excluídas da corporação dos psicólogos. A autoridade desses indivíduos para opinar em questões de psicologia é, rigorosamente, nenhuma. Porém há ainda algo de mais grave. A proposta da proibição acima mencionada vem no contexto de um movimento criado para proibir e punir como "crime de homofobia" toda opinião adversa à conduta homossexual, independentemente da linguagem serena ou inflamada, polida ou impolida, racional ou irracional com que essa opinião se expresse. Pareceres científicos, juízos filosóficos e ensinamentos doutrinais das religiões são assim nivelados, como delitos, aos insultos mais grosseiros e às manifestações mais ostensivas de preconceito e discriminação. Com toda a evidência, nenhuma palavra contra a conduta homossexual neurótica ou sã será permitida. Ao longo de toda a História, nenhuma outra conduta humana gozou jamais de tão vasto privilégio, de tão abrangente proteção. Nenhuma esteve jamais imunizada por lei contra a possibilidade de críticas. Não o é, por exemplo, nenhuma conduta política. Não o é nenhuma qualidade humana, por mais excelsa e respeitável. Não o é a genialidade artística ou científica, a honestidade impoluta ou mesmo a santidade. Não o é a vida pública ou privada de quem quer que seja. Não o é nem mesmo a conduta usual de um casal heterossexual, frequentemente criticada como sintoma de trivialidade e falta de imaginação. Não o é, por fim, o próprio Deus, contra o qual se dizem e se escrevem, livremente e sem medo de punição, toda sorte de barbaridades. A proteção legal que se reivindica para o homossexualismo é tão claramente megalômana, tão desproporcional com os direitos de todas as demais pessoas e grupos, que resultará em fazer dessa conduta um domínio – o único domínio – separado da vida e superior a ela, intocável, inacessível às opiniões humanas. A proposta é tão inequivocamente demencial que o simples fato de que a mídia e o Parlamento cheguem a discuti-la a sério já é prova de que boa parte da sociedade – justamente a parte mais falante e ativa – perdeu o senso inato da distinção não só entre o normal e o patológico, mas entre realidade e fantasia. Segundo o grande psiquiatra polonês Andrzei Lobaczewski (Political Ponerology, 2007), isso acontece justamente quando os postos de liderança estão repletos de personalidades psicopáticas, as quais, com suas ações temerárias e sua fria insensibilidade às emoções normais humanas, acabam, quando triunfantes, por espalhar na população em geral um estado de confusão atônita, de falta de discernimento e, no fim das contas, de estupidez moral. Homossexuais podem ser pessoas normais e saudáveis? É claro que podem. Mas o que leva alguém a defender mutações jurídico-políticas tão monstruosas quanto aquelas aqui mencionadas não é nenhum impulso sexual, seja homo, seja hetero. É a psicopatia pura e simples. Mais que incompetentes e indignos de exercer a profissão de psicólogos, os apóstolos de tais medidas são mentes deformadas, perigosas, destrutivas, cuja presença em altos postos é uma promessa segura de danos e sofrimentos para toda a população. Olavo de Carvalho é ensaísta, jornalista e professor de Filosofia

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A Alma Militante: Todos contra um

Saudosos tempos aqueles em que os jovens esquerdistas investiam galhardamente contra cavalarianos armados de sabres! Atualmente eles se reúnem às centenas para intimidar um homem só, minoria absoluta no Congresso, e se acham uns heroizinhos por isso. Ou, montados no apoio do Estado e de ONGs bilionárias, se articulam maquiavelicamente para cortar os meios de subsistência de um pai de família que, perseguido e acuado em sua terra, vaga de país em país com a mulher e quatro filhos, rejeitado e humilhado por toda parte, sem ter onde cair morto.



Quem quiser conhecer a alma da juventude militante hoje em dia, dê uma espiada nos sites http://pheeno.com.br/lifestyle/video-vaiado-bolsonaro-deixa-universidade-de-camburao e http://www.midiasemmascara.org/mediawatch/ noticiasfaltantes /perseguicao-anticrista/12426-ativistas-gays-cortam-a-conta-de-julio-severo-no-paypal.html.


Em ambos os casos, os ativistas imaginam, sentem e acreditam, no interior do seu teatrinho mental, que são ousados combatentes pela liberdade lutando contra o centro mesmo do poder opressor, quando na realidade são eles próprios o braço do maior esquema de poder que já se viu no mundo, a aliança do Estado com os organismos internacionais, as grandes fortunas globalistas e a mídia em peso, todos juntos contra focos isolados de resistência, ingênuos e desamparados idealistas que, certos ou errados, nada ganham e tudo arriscam para permanecer fiéis a seus valores.


É a caricatura grotesca, a inversão total da coragem cívica, a perda radical do senso da equivalência de forças, das leis do combate honroso que um dia prevaleceram até em brigas de rua, entre malandros, e hoje desapareceram por completo nos corações daqueles que, para cúmulo de ironia, continuam se achando a parcela mais esclarecida da população.



Quem os ensinou a ser assim? Quem arrancou de suas almas o sentimento mais elementar de justiça, de honra, de amor ao próximo e até mesmo daquela tolerância que tanto exaltam da boca para fora, substituindo-o pelo ódio projetivo, insano, misto de terror, que só enxerga no rosto do oponente a imagem do demônio que os intimida por dentro e os leva a sentir-se ameaçados quando ameaçam, perseguidos quando perseguem, oprimidos quando oprimem, odiados quando odeiam?


Quem os ensinou a temer a tal ponto os argumentos vindos de uma voz solitária que, ao menor risco de ouvi-la, sentem a necessidade de sufocá-la com gritos e ameaças, e acreditam ser isso a apoteose da democracia, da liberdade e dos direitos humanos? Quem os doutrinou para crer que qualquer desafio às suas convicções é crime e não pode ser tolerado nem por um minuto? Quem os ensinou a imaginar a estrutura do poder de cabeça para baixo, com dois ou três cidadãos isolados e sem recursos no topo, e o conjunto das forças internacionais bilionárias em baixo, gemendo sob o jugo implacável de algum Jair Bolsonaro, Julio Severo ou Padre Lodi?


Quem os ensinou a enxergar "crimes de ódio", imputáveis à consciência religiosa, em cada assassinato de homossexuais praticado por garotos de programa, com toda a evidência homossexuais eles próprios, e desprovidos, é claro, de qualquer vestígio de escrúpulos religiosos? Quem os ensinou a proclamar, diante desses assassinatos, que "a Igreja tem as mãos sujas de sangue", quando o próprio Movimento Gay da Bahia confessa ser a maior parte deles cometida por profissionais do sexo e até hoje não se exibiu nem um único caso de homicídio cometido contra homossexuais por motivo de crença religiosa ou sentimentos conservadores?


Quem os ensinou a desprezar a tal ponto a realidade e apegar-se a lendas insanas, carregadas de ódio injusto contra inocentes que nunca lhes fizeram mal algum, além de discordar de suas opiniões, e que não têm aliás o mais mínimo meio de defesa contra os ataques multitudinários e bem subsidiados que se movem contra eles?


Posso explorar essas perguntas em artigos vindouros, mas nenhuma resposta vai jamais atenuar a estranheza de um fenômeno deprimente, abjeto, moralmente inaceitável: a perda do sentimento de justiça e de honra por toda uma geração de brasileiros.


Eu mesmo, quando escrevi O imbecil juvenil em 1998 (v. http://www.olavodecarvalho. org/textos/juvenil.htm), não esperava que o mecanismo sociológico ali descrito se tornasse, por assim dizer, oficializado, consagrando como virtudes cívicas a covardia, o servilismo grupal e o assalto coletivo a bodes expiatórios desproporcionalmente mais fracos.


Olavo de Carvalho
Publicado no Diário do Comércio.
http://www.dcomercio.com.br/index.php/opiniao/sub-menu-opiniao/75643-a-alma-militante-todos-contra-um

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Um homenzinho Filosófico

Um homenzinho filosófico - Olavo de Carvalho
Tempos atrás, quando a leitura de As Portas da Percepção de Aldous Huxley estava fresca na memória da geração Woodstock e ainda era moda louvar as virtudes iluminativas da ingestão de drogas, conheci dois irmãos que faziam viagens ao menos semanais nas asas do LSD. Acreditavam com isso estar adquirindo poderes extraordinários, ascendendo ao pináculo do conhecimento espiritual. Embora eu notasse que, em vez disso, eles se tornavam cada dia mais idiotas, abstive-me de qualquer esforço para tirá-los da ilusão. Uma só vez apresentei a um deles uma modesta objeção às suas pretensões, e isto bastou para deixá-lo embasbacado ao ponto de esfriar por algum tempo sua devocäo lisérgica. Foi assim. Ele estava me contando que a droga aguçava sua percepção sensorial, a dele e a do irmão, ao ponto de que este último, estando a cinqüenta metros de distância, podia ser chamado de volta com um simples cochicho, ouvindo-o com a nitidez de quem estivesse a cinqüenta centímetros.

-- Mas, se estavam ambos drogados, -- perguntei -- como é que você sabe que era seu irmão quem, estando a cinqüenta metros, ouvia como se estivesse a cinqüenta centímetros, e não você próprio quem, estando a cinqüenta centímetros dele, o enxergava como se estivesse a cinqüenta metros?

Ele arregalou os olhos, coçou a cabeça e confessou:

-- Pô! Eu nunca havia pensado nisso.

Como logo depois ele e o irmão saíram do meu círculo de convivência, não sei se minha observação chegou a ajudá-los ou se, passado o momento de perplexidade, voltaram à rotina estupefaciente.

O que sei é que, para mim, a conversa foi de uma utilidade extraordinária, num sentido que nenhum deles jamais poderia suspeitar. A partir desse dia, adquiri o hábito de examinar o problema da percepção sempre por dois lados, emissor e receptor, em vez de fazê-lo só desde o ponto de vista do sujeito, como tinha sido de praxe na filosofia ao longo de pelo menos três séculos, de Descartes a Husserl. Foi assim que me livrei não só das inibições cépticas contraídas da leitura de David Hume, mas também do remédio ainda mais profundamente inibidor constituído pelas precauções críticas de Immanuel Kant. Se a primeira lição do adestramento filosófico é o confronto com as objeções cépticas quanto à possibilidade do conhecimento, deixar-se prender na jaula do kantismo e aprender a escapulir dela já é uma etapa superior de aprendizado, na qual muitos filósofos de ofício continuam atolados até à morte. Foi no dia em que venci essa etapa que pude pela primeira vez olhar no espelho e proclamar com orgulho: “Meu filho, você já está um homenzinho.” Perto disso, aqueles que, não conseguindo evadir-se do subjetivismo cartesiano, apelaram ao subterfúgio de negar a existência do sujeito, como Foucault e Heidegger, começaram a me parecer adolescentes que, impedidos de elevar-se ao estado de homenzinhos, e mais ainda ao de homens, forjaram um arremedo de consolo mediante a negação da possibilidade de amadurecer.

A chave da jaula kantiana, invisível a tantas gerações, esteve no entanto sempre à mostra. Para encontrá-la, bastava lembrar que nenhum sujeito pode ser só e exclusivamente sujeito, sem ser jamais objeto. Na relação cognoscitiva, sujeito é aquele que recebe as informações, objeto aquele que as emite. Na relação ativa, ao contrário, sujeito é o que age, objeto o que recebe a ação; mas como toda ação é transferência de informações, nenhum ente pode ser sujeito da ação sem ser simultaneamente objeto desde o ponto de vista cognoscitivo, nem objeto da ação sem ser cognoscitivamente sujeito. Para que numa relação cognoscitiva um homem pudesse ser total e unilateralmente sujeito, sem nada de objeto, ele precisaria estar totalmente desprovido da possibilidade de agir sobre o objeto, isto é, de transferir-lhe informações e ser portanto, para ele, objeto cognoscitivo. Logicamente falando, é uma obviedade dizer que sujeito e objeto são termos relativos, que exprimem posições e relações acidentais entre os entes, e não a natureza fixa e definitiva de qualquer deles. Mas justamente essa obviedade deixou de ser levada em conta na prática filosófica durante três séculos, daí nascendo o subjetivismo que descambou inevitavelmente em cepticismo e fenomenalismo, isto é, na redução do mundo a um conjunto de aparências sem essência identificável. O erro aí foi, na verdade, primário: o sujeito foi sempre examinado como sujeito, o objeto como objeto, elevando meras posições relativas à condição de diferenças ontológicas irrecorríveis. Só graças a esse cacoete foi possível argumentar, como Montaigne, que “como nosso estado acomoda as coisas a si, e as transforma de acordo consigo próprio, não sabemos mais o que são as coisas em verdade; pois nada chega ao nosso conhecimento senão falsificado e alterado pelos nossos sentidos” (Éssais, Paris, Garnier, 1962, I, p. 632). Nesse parágrafo, o príncipe dos cépticos modernos, penetrando já no puro kantismo avant la lettre, dá por pressuposto que os sentidos humanos alteram por si as informações recebidas das coisas, sem se perguntar se as coisas, por seu lado, teriam o poder de enviá-las diversas do que as recebemos. Vejo, por exemplo, um elefante a cinqüenta metros, e ele me parece do tamanho de um coelho. Mas ele, por sua vez, teria o poder de fazer-se ver como se estivesse a cinqüenta centímetros? Em caso de dúvida, posso testar isso olhando-me a mim mesmo num espelho a várias distâncias. Se meus olhos não conseguem, a cinqüenta metros, me ver maior do que a distância admite, é porque meu corpo também não pode, a essa mesma distância, projetar de si uma imagem ampliada para que os olhos o vejam maior. A limitação não está nos olhos, mas simultaneamente neles e no corpo que vêem. Não está no sujeito, mas simultaneamente nele e no objeto. E essa limitação recíproca, obviamente, não é limitação: é a adequação da mensagem enviada à mensagem lida, é a proporcionalidade de emissão e recepção, é, em suma, percepção da realidade no seu tecido vivo de interações e perspectivas. Descartes, Hume e Kant poderiam ter feito essa experiência, mas jamais consentiram em descer da dignidade de sujeitos à humilde condição de objetos. Tomaram-se como puros olhos, desprovidos de corpos, transformando o mundo num corpo sem olho, que eles viam mas não podia vê-los. Desprovido abstrativamente da condição de objeto que é concomitante e inerente à sua possibilidade de ser sujeito, o sujeito humano se excluía da realidade ao mesmo tempo que tentava alcançá-la – exatamente como quem tentasse provar o gosto da comida sem levá-la à boca – e, naturalmente não o conseguindo, concluía pela existência de um abismo entre sujeito e objeto, entre conhecimento e realidade, sem perceber que o abismo só existia porque ele próprio o havia cavado. René Descartes desceu tão fundo nesse estado de auto-hipnose, que, vendo da janela as pessoas que caminhavam pela rua, tinha dificuldade em admitir que, como ele, fossem sujeitos cognoscentes e não simples corpos em movimento. O sujeito só pode fechar-se em si quando se esquece de sua condição de objeto, rebaixando a objetos os demais sujeitos. Tornado permanente, esse estado seria pura despersonalização esquizofrênica.

Foi mediante essas considerações que pude livrar-me do subjetivismo moderno, sem ter de recorrer ao expediente “pós-moderno” -- e ainda mais profundamente esquizofrênico -- de negar, além do conhecimento, a existência do próprio conhecedor.

Não creio que a dupla de sapientes drogados tenha tirado tanto proveito de minhas observações.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Podemos confiar na Bíblia?

Podemos confiar na Bíblia?

“Nunca tenha medo da dúvida se você tem a disposição de acreditar.” – Samuel Coleridge

A propósito da publicação do artigo de capa “Quem escreveu a Bíblia”, pela revista Aventuras na História (Abril) de dezembro, resolvi postar o texto abaixo, extraído e adaptado de meu livro A História da Vida (www.cpb.com.br):

O homem, nos últimos séculos, desenvolveu o costume de questionar. Parece que a cada geração este fato se evidencia mais. Verdades tidas como absolutas foram questionadas e algumas até sucumbiram. A Bíblia não poderia ficar de fora desses questionamentos, afinal, o próprio Apóstolo Paulo diz: “Analisai todas as coisas, retende o bem.” I Tessalonicenses 5:21. O ato de questionar é, de fato, muito importante. E é próprio de seres inteligentes que não agem por automatismo. Devemos analisar tudo o que nos é transmitido, formando nossa própria opinião a respeito e não sendo levados por outras pessoas. Mas há um paradoxo nisso tudo: embora eu tenha dito que as últimas gerações se caracterizam pelo questionamento, na prática, isso nem sempre acontece.

Até que ponto as pessoas são realmente influenciadas ou não pela “indústria cultural”? Às vezes até mesmo aqueles que têm o bom hábito de questionar acabam se perdendo e automaticamente aderindo a uma idéia. Por isso, também, é tão difícil aceitar o criacionismo. O problema é que a evolução é ensinada nas escolas e divulgada insistentemente pelos meios de comunicação como se fosse um fato provado. Quem quer que ponha em dúvida a validade da evolução é automaticamente suspeito aos olhos evolucionistas. Teilhard de Chardin, um padre e filósofo evolucionista, afirmou: “Com exceção de alguns grupos ultraconservadores não ocorreria a qualquer cientista ou pensador de hoje – seria psicologicamente inadmissível e impossível – adotar uma linha de pensamento que ignore o conceito de um mundo em evolução.” Teilhard de Chardin expôs o argumento logicamente errado mas psicologicamente eficaz conhecido como apelo às massas. Este argumento falacioso tenta convencer mediante um apelo às emoções.

Irving M. Copi, ao dar um exemplo deste erro lógico, diz: “Além do ‘apelo ao esnobismo’ já referido, podemos incluir sob este título o ‘argumento do trem da política’. O político em campanha ‘argumenta’ que deve receber nossos votos porque ‘todo mundo’ está votando nele. Somos informados de que tal e tal alimento, cigarro ou carro é o ‘melhor’ por ser o mais vendido. Uma certa crença ‘deve’ ser verdadeira porque ‘todos a conhecem’. Mas a aceitação popular de uma determinada política não prova que ela seja sábia; o uso difundido de certos produtos não prova que sejam satisfatórios; a concordância geral com uma afirmação não prova que ela seja verdadeira. Argumentar desta forma é cometer o erro ad populum” (Irving M. Copi. Introduction to Logic, pág. 80).

Analisando as palavras de Chardin, no parágrafo anterior, vê-se que ele chamou os criacionistas de “ultraconservadores”; e, evidentemente, ninguém quer ser isso. Ele disse também que você não pode ser um pensador ou cientista se não acreditar na evolução. Esses argumentos são psicologicamente poderosos e, portanto, influenciam muitos. Porém, eles têm pouco a ver com o fato de ter havido ou não evolução. O zoólogo D. M. S. Watson escreveu: “A evolução é uma teoria universalmente aceita, não por ter sido comprovada, mas porque é a única alternativa; a ‘criação especial’ é claramente impossível” (London Times, 03/08/1929 – Citado por Bolton Davidheiser, Evolution and Christian Faith, pág. 155). Por que a criação especial é impossível? Se há um Deus e Ele quis criar o mundo, duvido que a opinião de Watson pesasse na balança dEle. Deus podia fazer isso sem levar em conta a crença de Watson ou de qualquer outra pessoa.

** BÍBLIA: CANAL DE COMUNICAÇÃO DIVINO

Além das Escrituras, a ciência também é um dos métodos de Deus comunicar-Se conosco. “Os céus proclamam a glória de Deus.” Salmo 19:1. Mas há pelo menos dois problemas com essa forma de comunicação. O pecado prejudicou a obra de Deus, que, por isso, reflete-Lhe o caráter apenas obscuramente. E nossa compreensão da Natureza, e dAquele que deseja revelar-Se através dela, será incompleta enquanto houver lacunas em nosso conhecimento das leis da natureza que nos deviam ajudar a interpretar a mensagem de Deus corretamente.

Devemos lembrar, portanto, que a incapacidade de harmonizar a ciência com as Escrituras advém de “uma compreensão imperfeita, tanto da ciência quanto da Revelação; corretamente entendidas, elas se encontram em perfeita harmonia” (Ellen G. White. Patriarcas e Profetas, pág. 114). Deus é o Autor de ambas, e não pode haver conflito se as coisas são compreendidas corretamente. Precisamos das duas disciplinas a fim de ver sentido no Universo em que vivemos. Albert Einstein (1879-1955) disse certa vez que “a religião sem a ciência é cega; e a ciência sem a religião é manca”. É necessária a conciliação para que se tenha uma visão global da realidade. É por isso que, quando o homem julga a Palavra de Deus de acordo com seus padrões humanos, faz algo semelhante a tentar medir estrelas com uma fita métrica.

Uma idéia muito difundida atualmente é a de que a Bíblia, a despeito de sua importância, é um livro ultrapassado e até incorreto em alguns pontos. E o mais interessante é que os que defendem esta idéia pouco ou nada conhecem desse Livro. Apenas ouviram falar a respeito ou dedicaram-se a uma leitura superficial de seu conteúdo. Uma pessoa não pode, ou pelo menos não deve, dizer que acredita ou não em algo, se não o conhece bem. E para isso é preciso que se faça uma pesquisa isenta de preconceitos.

“Diz Paulo que ‘toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino’. II Timóteo 3:16. A palavra grega theopneutos, aqui traduzida como ‘inspirada’, significa literalmente ‘proveniente do fôlego de Deus’. Deus ‘inspirou’ a verdade nas mentes dos homens, os quais expressaram estas mesmas verdades em suas próprias palavras, que foram consolidadas nas Escrituras. Portanto, inspiração é o processo através do qual Deus comunica Sua verdade eterna” (Nisto Cremos, pág. 19, Casa Publicadora Brasileira). Em outros termos, Deus inspirou os homens e não as palavras.

Os homens santos escolhidos por Deus traduziram as revelações divinas em linguagem humana com todas as limitações e imperfeições de que esta se acha revestida, mas ainda assim ela – a Bíblia – é o Testemunho de Deus. Devemos lembrar que a Bíblia, segundo a escritora Ellen G. White, “não é a maneira de pensar e exprimir-se de Deus (...) Ele não Se pôs à prova na Bíblia em palavras, em lógica, em retórica. Os escritores da Bíblia foram os instrumentos de Deus, não Sua pena” (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 21), pois “a inspiração não atua nas palavras do homem ou em suas expressões, mas no próprio homem que, sob a influência do Espírito Santo, é possuído de pensamentos. As palavras, porém, recebem o cunho da mente individual. A mente divina é difusa. A mente divina, bem como Sua vontade, é combinada com a mente e a vontade humanas; assim as declarações do homem são a Palavra de Deus” (Ibidem). A Bíblia é o maravilhoso livro divino-humano. Resumindo: a Bíblia é a verdade divina expressa em linguagem humana.

E quem foi que organizou a Bíblia em 66 livros? Foram Esdras e Neemias que, entre os anos 430 e 420 a.C., organizaram e fecharam o cânon do Antigo Testamento. E a Igreja cristã primitiva ratificou oficialmente os 39 livros no ano 90 d.C., durante o Concílio de Jânia. Cristo e os apóstolos também aceitaram esse cânon, como se pode deduzir de inúmeras passagens, como: Lucas 24:44; João 5:46-47; II Timóteo 3:15-16; II Pedro 1:19-21. Portanto, o Novo Testamento reconhece a inspiração divina do Antigo.

Mas quem, então, organizou o Novo Testamento? A Pessoa do Espírito Santo, sem dúvida, dirigiu e orientou os servos de Deus dos primeiros séculos na seleção dos livros neotestamentários. O consenso é de que o primeiro livro escrito foi I Tessalonicenses, no ano 51 d.C. Já o Apocalipse, foi escrito no ano 96 ou 97. O cânon do Novo Testamento foi criado para proteger os escritos dos apóstolos de muitos escritos apócrifos que estavam surgindo. Assim, no fim do segundo século depois de Cristo, a igreja cristã começou a organizar o verdadeiro cânon cristão, sempre tendo como norma os livros canônicos do Antigo Testamento e a direção do Espírito Santo. Alguns livros apócrifos, de origem posterior, foram acrescentados à Bíblia católica. Mas basta ler o conteúdo deles para perceber sua inferioridade e desarmonia em relação ao cânon original, tanto do Velho, quanto do Novo Testamento.

Os que argumentam, dizendo que a Bíblia não é historicamente confiável, não são historiadores profissionais. Esta é a razão de o grande arqueólogo William F. Albright ter dito: “Todas as escolas radicais na crítica ao Novo Testamento que existiram no passado ou existem hoje são pré-arqueológicas, e por terem sido construídas in der Luft (no ar) são bastante antiquadas hoje” (Retrospect and Prospect in New Testment Archaelogy, em The Teacher's Yoke, ed. E. Jerry Vardaman, pág. 29). “O que está escrito na Bíblia aconteceu efetivamente ... a credibilidade histórica dos eventos mais importantes, como a emigração do patriarca Abraão de Ur, na Suméria, o Êxodo do Egito e o cativeiro babilônico, pôde ser comprovada por escavações arqueológicas e por achados de inscrições hebraicas” (Paul Frischauer. Está Escrito – Documentos que Assinalaram Épocas, pág. 103).

“Onde a Bíblia fala sobre questões científicas, ela o faz com termos simples mas corretos, despidos de absurdos. Por outro lado, os relatos não bíblicos da formação do Universo e outros assuntos científicos são praticamente ridículos, enquanto as Escrituras em ponto algum podem ser consideradas desse modo. Elas não são o que se poderia esperar de um livro escrito por homens durante a era pré-científica” (Josh McDowell e Don Stewart. Razões Para os Céticos Considerarem o Cristianismo, págs. 78 e 79).

Creio que as pessoas nunca deveriam permitir que os críticos da Bíblia lhes tomassem o lugar em seu estudo. O crítico pode ter alguma sugestão que seja de ajuda, mas o homem nunca deveria aceitar cegamente tudo o que os críticos dizem, ou menosprezar sua própria habilidade de raciocinar.

Foi o próprio presidente da Universidade de Chicago quem declarou: “Tereis notado, também, que se tem tornado quase uma tradição neste país [EUA] que um cientista natural depois de alcançar eminência e lazer se empenhe em especulações tanto metafísicas como teológicas. Sem qualquer preparo particular nestas disciplinas e com pronunciado desprezo para com aqueles que o tenham, ele passa a confundir ainda mais o público acerca das maiores questões que têm confrontado a mente humana” (Robert Maynard Hutchins. “University Education”, Yale Review, Summer, págs. 672 e 673). E as pessoas repassam essas informações, sem ao menos confirmá-las, baseando-se apenas na opinião de outros.

** EVIDÊNCIAS DA ORIGEM DIVINA DA BÍBLIA

De seu primeiro livro (Gênesis) ao último (Apocalipse), a Bíblia se compõe de 66 livros escritos por cerca de 40 escritores de formação social, educacional e profissional amplamente diversificada. A escrita foi feita num período de 16 séculos, todavia, o produto final é um livro harmonioso e coerente. “Considere isto: se você escolhesse dez pessoas vivendo ao mesmo tempo na História, vivendo na mesma área geográfica básica, com os mesmos recursos educacionais básicos, falando a mesma língua, e pedisse que escrevessem independentemente sobre o seu conceito pessoal de Deus, o resultado seria tudo, menos um testemunho unificado. Nada mudaria se lhes pedisse para escrever sobre o homem, a mulher ou o sofrimento humano, pois está na natureza dos seres humanos diferir em questões controversas. Todavia, os escritores bíblicos concordam não só nesses assuntos como em dezenas de outros. Eles têm completa unidade e harmonia. Só há ‘uma’ história nas Escrituras do começo ao fim, embora Deus tivesse usado autores humanos diferentes para registrá-la” (Josh McDowell e Don Stewart. Op. cit, pág. 80).

É claro que existem algumas passagens difíceis na Bíblia. Se tudo o que existe nela pudesse ser entendido tão facilmente, ela não passaria de um livro comum. O que me fascina na Palavra de Deus é que sua mensagem pode ser facilmente entendida pela mais simples das pessoas e, ao mesmo tempo, contém tesouros profundos para o mais atento dos pesquisadores. Se as Escrituras constituem uma autêntica auto-revelação de Deus, as dificuldades e discrepâncias que aparecem precisam ser reconhecidas como sendo só aparentes, e não reais. Ao se conseguir todos os fatos, pode-se comprovar que os alegados erros não são uma realidade concreta.

Por exemplo, digamos que uma mulher ouvisse dizer que o marido foi visto saindo com outra mulher. O que ela pensaria? “Depende do quanto ela confiasse nele”, você pode pensar. Certo. Digamos então que ela confiasse totalmente no marido. E que ele fosse um homem leal e digno. O certo seria não tirar conclusões precipitadas e aguardar maiores explicações que esclareceriam a situação. Seria, no mínimo, pouco inteligente da parte dela tirar conclusões precipitadas. E não seria justo abandonar a confiança na integridade do marido até que tudo estivesse esclarecido. Só uma pressuposição, desde o início, de que ele é inconstante e indigno de confiança é que justificaria tal reação por parte da esposa. Da mesma maneira, quem está convicto da autoridade divina da Bíblia seria estulto e indigno se fosse questionar sua infalibilidade até que cada alegação que surge contra ela tenha sido esclarecida.

E a História tem calado muitos críticos da Bíblia. A redação do Pentateuco por Moisés é um bom exemplo. Até pouco tempo atrás, afirmava-se que a invenção do alfabeto tinha sido feita pelos séculos XII ou XI a.C., sendo este argumento apresentado para “provar” que Moisés não podia ter escrito o Pentateuco, visto que em seu tempo não haviam ainda inventado a arte de escrever. No entanto, escavações arqueológicas em Ur, na antiga Caldéia, têm comprovado que Abraão era cidadão de uma metrópole altamente civilizada. Nas escolas de Ur, os meninos aprendiam leitura, escrita, Aritmética e Geografia. Três alfabetos foram descobertos: junto do Sinai, em Biblos e em Ras Shamra, que são bem anteriores ao tempo de Moisés (1500 a.C.).

Estudiosos modernos sustentam que Moisés escolheu a escrita fonética para escrever o Pentateuco. O arqueólogo W. F. Albright datou esta escrita de início do século XV a.C. (tempo de Moisés). Interessante é notar que essa escrita foi encontrada no lugar onde Moisés recebeu a incumbência de escrever seus livros (Êxodo 17:14). Veja o que disse Merryl Unger sobre a escrita do Antigo Testamento: “A coisa importante é que Deus tinha uma língua alfabética simples, pronta para registrar a divina revelação, em vez do difícil e incômodo cuneiforme de Babilônia e Assíria, ou o complexo hieróglifo do Egito.”

Deus sempre sabe mesmo o que faz! Pense bem: se o alfabeto tivesse sido realmente inventado pelos fenícios, cuja existência foi bem posterior à de Moisés, e se as escritas anteriores – hieroglífica e cuneiforme – foram apenas decifradas no século passado, como poderia Moisés ter escrito aqueles livros?

Se o tivesse feito, só poderia fazê-lo em hieróglifos, língua na qual a própria Bíblia diz que Moisés era perito (Atos 7:22) e, nesse caso, o Antigo Testamento teria ficado desconhecido até o século passado, quando o francês Champollion decifrou os hieróglifos egípcios. Acontece que, no princípio do século XX, nos anos de 1904 e 1905, escavações na península do Sinai levaram à descoberta de uma escrita muito mais simples que a hieroglífica, e era alfabética! Com essa descoberta, a origem do alfabeto se transportava da época dos fenícios para a dos seus antecessores, séculos antes, os cananitas, que viveram no tempo de Moisés e antes dele.

Portanto, foram estes antepassados dos fenícios que simplificaram a escrita. E passaram a usar o alfabeto em lugar dos hieróglifos, isto é, sinais que representam sons ao invés de sinais que representam idéias. Moisés, vivendo 40 anos numa região (Midiã) onde essa escrita era conhecida, viu nela a escrita do futuro, e passou a usá-la por duas grandes razões: (1) a impressão grandiosa que teve de usar uma língua alfabética para seus escritos e que se compunha de apenas 22 sinais bastante simples comparados com os ideográficos que aprendera nas escolas do Egito; (2) Moisés compreendeu que estava escrevendo para o seu próprio povo, cuja origem era semita como a dos habitantes da terra onde estava vivendo, e que não eram versados em hieróglifos por causa de sua condição de escravos.

De fato, há muitos achados arqueológicos confirmando a veracidade das Escrituras, mas vou mencionar apenas mais um. O livro do profeta Daniel, no capítulo 5, menciona que o rei de Babilônia em 539 a.C. era Belsazar. Mas a História oficial afirmava que esse homem nem sequer existira. “Para vexação de tais críticos, W. H. F. Talbot publicou em 1861 a tradução de uma oração – escrita em caracteres cuneiformes – oferecida pelo rei Nabonidus, na qual ele pede aos deuses que abençoem seu filho Belsazar!” (H. Fox Talbot, “Translation of Some Assyrian Inscriptions”, Journal of the Royal Asiatic Society 18 [1861]:195 – citado por C. Mervyn Maxwell, no livro Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel, pág. 91).

Os críticos, então, aceitaram a existência de Belsazar, mas em sua resistência contra a Palavra de Deus, alguns deles continuaram insistindo que Belsazar jamais fora identificado como rei, fora da Bíblia. Até que, em 1924, foi traduzido e publicado o Poema de Nabonidus (Tablete n.º 38.299 do Museu Britânico) por Sidney Smith. Esse documento histórico oficial atesta que Nabonidus deixou Babilônia e se dirigiu a Tema, e no trono deixou quem? Belsazar!

Para vergonha dos críticos, uma vez mais o relato bíblico estava confirmado. Daniel vivia na corte de Babilônia e estava familiarizado com esse costume de o filho assumir o cargo do pai, quando este saia em excursões militares. Portanto, “em instância após instância quando se destacava a inexatidão histórica como sendo prova da autoria tardia e espúria dos documentos bíblicos, o relatório dos hebreus tem sido vindicado pelos resultados das escavações recentes, e comprovou-se que os juízos zombeteiros dos documentaristas carecem de fundamento” (Gleason L. Archer Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento, págs. 183 e 184).

Outro aspecto incrível é que, embora escrita por judeus, a Bíblia seja útil para todos os tipos de culturas e épocas. Realmente é notável que a Bíblia tenha vindo mediante a nação judaica, nação sem nenhuma outra literatura cuja qualidade se aproxime da excelência literária da Bíblia. O Talmude dos judeus pode somente ser contrastado com a Bíblia em suas qualidades literárias. Como os judeus, povo em constante tumulto e revolta contra os princípios estabelecidos na Bíblia, e naquele tempo uma raça isolacionista e tacanha, puderam produzir em toda a sua debilidade e confusão um trabalho de tão sublime força e harmonia que ensina a fraternidade entre toda a humanidade? Não há explicação natural para este fenômeno.

Existem ainda outros aspectos que fascinam os que estudam a Bíblia. Por exemplo:

 Sua universalidade – serve para todos os povos, épocas e idades.
 É um livro infalível no que diz.
 É um livro indestrutível, apesar das perseguições movidas contra ele.
 Possui integridade geográfica, cronológica e étnica.
 É um livro imparcial e inesgotável.
 Possui influência e poder transformador de vidas.
 Cristo mesmo chamou-a de “Palavra de Deus” (Lucas 8:21).
 Suas profecias têm sido cumpridas à risca (leia, por exemplo, o capítulo dois do livro de Daniel e você verá, representada por uma estátua, a história dos impérios, desde Babilônia, passando pela Pérsia, Grécia, Roma e Europa, e culminando com a implantação do Reino de Deus, na segunda vinda de Cristo). A Bíblia apresenta ainda a profecia cumprida a respeito da destruição da antiga Tiro, a queda de Babilônia e a reconstrução de Jerusalém.
 O Novo Testamento, inclusive, é o documento mais incontestável dos tempos antigos. Existem mais de 5 mil manuscritos sobre a sua existência, que datam desde o século II até a invenção da imprensa. É bom lembrar o quanto são escassas as evidências em forma de manuscritos, no caso dos grandes clássicos não-bíblicos, como os que tratam da história de Roma, por exemplo. No entanto, por incrível que pareça, ninguém questiona a existência dos césares.

** CONHECIMENTO SUPERFICIAL

Aqueles que conhecem a Bíblia apenas por ouvir falar, conhecem-na muito superficialmente. Se as pessoas procurassem lê-la e analisá-la, veriam quantos extraordinários ensinamentos ela possui.

Abraham Lincoln (ex-presidente dos EUA) declarou: “Estou ultimamente ocupado em ler a Bíblia. Tirai tudo o que puderdes desse livro pelo raciocínio e o resto pela fé, e viverei e morrereis um homem melhor.” Por que não crer na Bíblia só porque as circunstâncias não parecem favoráveis? Por que as pessoas querem limitar Deus aos seus cinco sentidos? Não é suficiente constatar que tudo o que ela prediz tem ocorrido? Não basta o testemunho das vidas por ela transformadas? Realmente, constituiria uma tragédia se alguém deixasse que o orgulho o estorvasse de descobrir as verdades vitais na Bíblia, as quais podiam ser absolutamente necessárias na edificação de sua filosofia de vida.

“Muitas coisas há, aparentemente difíceis ou obscuras, que Deus tornará claras e simples aos que assim procuram compreendê-las. Sem a direção do Espírito Santo, porém, estamos continuamente sujeitos a torcer as Escrituras ou a interpretá-la mal. Muitas vezes a leitura da Bíblia fica sem proveito, e em muitos casos é mesmo nociva. Quando se abre a Palavra de Deus sem reverência nem oração; quando os pensamentos e as afeições não se concentram em Deus, ou não se acham em harmonia com Sua vontade, a mente fica obscurecida por dúvidas; e o ceticismo se robustece com o próprio estudo da Bíblia. ... Os que se volvem às Escrituras para encontrar incoerências, não possuem conhecimento espiritual. Com visão transtornada, encontrarão muitos motivos de dúvida e incredulidade em coisas na verdade claras e simples” (Ellen G. White. Caminho a Cristo, págs. 110 e 111).

Você possui uma Bíblia? Onde está ela neste momento? Que tal tomar a decisão de estudá-la, examiná-la (João 5:39), a fim de descobrir os planos de Deus para a sua vida. Muitas pessoas sedentas que, de coração e mente abertos, foram a essa maravilhosa Fonte, voltaram saciadas. Experimente. Você só tem a ganhar.

Michelson Borges

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Homolatria: As vítimas VIP da violência no Brasil

Homolatria: As vítimas VIP da violência no Brasil
Autor: Julio Severo
Fonte: www.juliosevero.com


Prática homossexual torna-se cada vez mais garantia contra impunidade e descaso policial


24 de novembro de 2010



Um morto na rua. A polícia cumpriu o seu dever de fazer suas averiguações do crime e comunica o caso ao delegado, que pergunta: “A vítima era gay?”

Quando a resposta é negativa, o delegado diz: “Joguem então esse caso nas estatísticas do mais de 50 mil brasileiros assassinados todos os anos”.

Não é que a polícia seja amante da impunidade. Com dezenas de milhares de assassinatos ocorrendo, fica difícil para poucos policiais mal pagos e mal treinados resolverem tantos crimes. Tudo o que lhes resta é cuidar dos casos que recebem holofotes.

Em 2007, o menino Gabriel Kuhn, de 12 anos, foi estuprado e esquartejado ainda vivo, morrendo de hemorragia depois que suas duas pernas foram arrancadas a golpes de serra, mas o caso nunca ganhou fama na grande imprensa. Um crime comum — estupro, esquartejamento e assassinato de um menino — não atrai tanto a atenção da mídia quanto o caso de um gay que sofre uma agressão.

A moda é, por causa da pressão do movimento homolátrico, tirar da nuvem negra do descaso somente incidentes onde homossexuais sofrem arranhões, agressões e assassinatos — ou até mesmo, como muitas vezes ocorre, aqueles que simplesmente se sentiram ofendidos. O PLC 122/06, por exemplo, pune o autor de uma simples “ofensa” contra a prática homossexual com uma pena tão pesada quanto leva um estuprador de crianças.

Na classificação dos crimes, a prática homossexual dá a uma vítima o direito de não ser tratada com a mesma indiferença com que são tratadas todas as outras vítimas.

A impunidade que afeta crimes contra bebês, meninos, meninas, rapazes, moças, homens e mulheres está perdendo sua força quando a vítima é viciada naqueles impudicos atos privilegiados, pois legisladores, jornalistas e grupos de direitos humanos colocaram os praticantes do homossexualismo na categoria de indivíduos que merecem atenção VIP.

Se você é homossexual, há agora as delegacias especializadas de “direitos humanos”, onde você terá atendimento personalizado. Há o disque-denúncia gay, para você usar e abusar, denunciando como “homofóbico” até o cão do vizinho que incomoda com seus incessantes latidos. Se você não é gay, você terá de se juntar ao povão e entrar na fila do atendimento público. Afinal, o perfil dos gays é economicamente mais elevado e essa classe endinheirada não pode se misturar com as pessoas comuns. Uma mistura só ocorre quando o gay ricão vai atrás de um rapaz ou menino pobretão para oferecer presentes em troca “daquilo”.

Contudo, os homossexuais não são os alvos preferenciais de assassinatos. Se fossem, haveria dezenas de milhares deles perdendo a vida todos os anos. Quem está perdendo a vida aos milhares são os brasileiros comuns que, de 1980 a 2005, sofreram o astronômico e assombroso número de aproximadamente 800 mil assassinatos. Então você pergunta: “Mas como é que nunca ouvi falar disso?” Simples: eles não eram gays.

Nesse mesmo período de 25 anos, 2.511 homossexuais foram assassinados, de acordo com informações do próprio Grupo Gay da Bahia, fundado por Luiz Mott. Esse pequeno número pode incluir também episódios onde a causa do crime é a paixão irracional de um amante da vítima. Além disso, é supervalorizada e supermaquiada a morte de homossexuais que frequentam, às 2h da madrugada, ambientes de drogas, prostituição e criminalidade.

Embora as vítimas homossexuais não cheguem nem a 1% dos 800 mil brasileiros assassinados, elas se tornaram a estrela principal do “show”. É como se os homossexuais é que somassem 800 mil vítimas, e todos os outros brasileiros não passassem de 2 mil assassinados.

Por ano, são assassinados 122 homossexuais, ou 1 a cada três dias, conforme alegação do sr. Luiz Mott. Em contraste marcante, por ano são assassinados 50 mil brasileiros, 414 a cada três dias, ou 138 por dia. Isso significa que o número de brasileiros mortos por dia é maior do que o número total de homossexuais mortos por ano, indicando, nas palavras de Solano Portela, que “a melhor forma de escapar com vida, no Brasil, é virar gay”.

A maioria dos homossexuais assassinados é de travestis, conforme Oswaldo Braga, presidente do Movimento Gay de Minas, que declarou: “São homossexuais que estão mais envolvidos com a criminalidade, como prostituição e tráfico de drogas, ficando mais expostos à violência”. (Tribuna de Minas, 09/03/2007, p. 3.)

Não se sabe o motivo por que travestis e outros homossexuais, que escolhem ambientes de criminalidade e prostituição, não sofrem uma proporção muito maior de assassinatos. Será que a bandidagem agora tem também medo de ser acusada de “homofóbica”?

Certas atitudes do homossexual perturbado (por homossexual queremos dizer o homem que dá ou recebe o pênis no ânus) passaram a fazer parte integral da propaganda que trata como “homocausto” (holocausto de homossexuais) os 122 homossexuais assassinados todos os anos no Brasil. Esse homocausto na verdade soma uma proporção baixíssima que entra em choque com o quadro imenso de todos os outros brasileiros assassinados. Mas a realidade maior é vencida pela realidade pequena à custa daquelas atitudes típicas de gay espalhafatoso, como mentiras, intrigas, estardalhaços e fofocas, sofisticamente mascarados em linguagem de propaganda.

Com a pressão e opressão da Gaystapo na mídia, que chance tem a vasta maioria das vítimas (que são tratadas como cidadãos de quinta categoria) diante das “vítimas de primeira classe”?

A agenda da homolatrina joga a verdade no chão e exalta a homolatria acima de toda e qualquer estatística e realidade social, ganhando no puro estardalhaço.

No entanto, se os homossexuais são realmente 10% da população brasileira, conforme alegam os grupos gays do Brasil, onde estão então os 80 mil homossexuais mortos no período de 25 anos? Se eles são apenas 5%, então onde estão os 40 mil homossexuais mortos? Se eles são apenas 1%, onde estão os 8 mil mortos?

Com todos os holofotes da mídia no pequeno número de vítimas homossexuais, a impunidade só tende a aumentar para todos os brasileiros, pois mais atenção e policiamento para homossexuais significa menos atenção e policiamento para todos os cidadãos.

Os crimes agora só ficarão protegidos de impunidade conforme a homolatria da vítima. O agredido é gay? O culpado será condenado e preso, sem chance de escapar. A vítima não é gay? Então a polícia está ocupada demais para investigar, dando ao culpado a chance de suspirar de alívio. É a ideologização e idiotização do sistema de punição. É a homolatria privilegiando quem presta culto ao ânus.

Quer que um caso de agressão ou assassinato em sua localidade receba atenção da imprensa, dos políticos e da polícia? Numa sociedade mergulhada na homolatrina, só lhe resta alegar que a vítima é gay. No incidente do menino Gabriel Kuhn, que foi estuprado e esquartejado, o caso dele seria lembrado regularmente em todos os canais de TV e no próprio Congresso Nacional — se o esquartejador não fosse homossexual. E há milhares de outros casos de meninos estuprados que não viram notícia na tela da TV Globo ou da TV Record, porque o estuprador é homossexual.

Quando a vítima é homossexual, holofotes. A “causa” do crime é a “homofobia” e ponto final. Cada caso de “homofobia” se torna motivo para campanhas espalhafatosas em favor de leis para proteger depravados de primeira categoria como se fossem vítimas de primeira classe.

Quando o criminoso é homossexual, manipulação, falsificação e ocultamento, protegendo a prática homossexual de toda desonra. A “causa” do crime é um mistério! A culpa é jogada em tudo e em todos, menos na chamada “orientação sexual”.

A agenda da homolatrina garante atenção VIP para vítimas homossexuais e impunidade para homossexuais que cometem insanidades. Luiz Mott, o líder máximo do movimento homossexual brasileiro, é acusado de defender a pedofilia, enquanto o homossexual Denílson Lopes, professor universitário, tem descaradamente defendido o sexo com crianças. Além disso, um filme brasileiro promoveu abertamente o sexo homossexual entre meninos. Em cada um desses casos, as autoridades jamais tomaram qualquer medida. Contudo, se um pastor ou padre dissesse apenas 10% do que Mott e Lopes disseram sobre sexo com crianças, já estariam — e com muita justiça — presos e completamente desmoralizados com denúncias jornalísticas desde a revista Veja até a Rede Globo.

Na violência generalizada que assola a todos no Brasil, a homolatria agora faz toda a diferença na hora de decidir quais vítimas recebem tratamento de estrela de cinema e quais perpetradores obtêm impunidade.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os Barões

Um leitor pede, gentilmente, que eu lhe diga quem, afinal, são os tão falados e jamais nomeados "barões da droga". Quem ganha com o crescimento ilimitado das quadrilhas de narcotraficantes e sua transformação em força revolucionária organizada, ideologicamente fanatizada, adestrada em táticas de guerrilha urbana, capacitada a enfrentar com vantagem as forças policiais e não raro as militares?

A resposta é simplicíssima: quem ganha com o tráfico de drogas é quem produz e vende drogas. O maior, se não o único fornecedor de drogas ao mercado brasileiro são as Farc, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. São elas, também, que dão adestramento militar e assistência técnica ao Comando Vermelho, ao PCC e a outras quadrilhas locais.

Já faz dez anos que o então principal traficante brasileiro, Fernandinho Beira-Mar, preso na Colômbia, descreveu em detalhes a operação em que trocava armas contrabandeadas do Líbano por duas toneladas anuais de cocaína das Farc. Também faz dez anos que uma investigação da Polícia Federal chegou à seguinte conclusão: "A guerrilha tem o comando das drogas" (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/031002jt.htm).

Se alguém ainda tem dúvidas, está gravemente afetado da Síndrome do Piu-Piu: "Será que vi um gatinho?"

Mas, dirá o leitor, não há políticos envolvidos na trama, gente das altas esferas, que dirige tudo de longe, sem mostrar a cara ou sujar as mãozinhas? Claro que há. Mas só são invisíveis a quem tenha medo de os enxergar. Para descobri-los, basta averiguar quem, na política, protege as Farc. Não preciso dar nomes: para avivar a memória, leia as listas de participantes do Foro de São Paulo, entidade criada precisamente para articular, numa estratégia revolucionária abrangente, a política e o crime.

Alguns ganham muito dinheiro com isso, mas nem todos, na lista, têm interesse financeiro direto no narcotráfico - o que não os torna menos criminosos. As Farc e organizações similares servem-lhes de arma de barganha, para criar o caos social, intimidar o inimigo e extorquir dele concessões políticas que valem muito mais do que dinheiro.

Quando a guerrilha está em vantagem, os políticos sublinham com as armas da retórica a retórica das armas, anunciando o advento de uma sociedade justa gerada no ventre do morticínio redentor. Quando a guerrilha está perdendo, usam o restinho dela como instrumento de chantagem, oferecendo a "paz" em troca da transformação dos bandos armados em partidos políticos, de modo a premiar a lista de crimes hediondos com a abertura de uma estrada risonha e franca para a conquista do poder.

São esses os barões. Não há outros. A parceria deles com o narcotráfico vem de longe. Começou na Ilha Grande, nos idos de 70, quando terroristas presos começaram a doutrinar os bandidos comuns e a ensinar-lhes os rudimentos da guerrilha urbana, segundo o manual de Carlos Marighela. Naquela época, os guerrilheiros e a liderança esquerdista em geral tinham um complexo de inferioridade: viam-se como uma elite isolada, sem raízes nem ressonância no "povo", em cujo nome falavam com um sorriso amarelo.

Por feliz coincidência, foram parar na cadeia numa época em que o filósofo germano-americano Herbert Marcuse lhes dera uma idéia genial: a faixa de população mais sensível à pregação revolucionária não eram os trabalhadores, como pretendia Karl Marx, e sim os marginais - ladrões, assassinos, narcotraficantes. Que parassem de pregar nas fábricas e buscassem audiência no submundo - tal era o caminho do sucesso. Quando as portas do cárcere se fecharam às suas costas, abriram-se para eles as portas da mais doce esperança: lá estava, no pátio da prisão, o tão ambicionado "povo". Sua função no esquema? Transmutar o reduzido círculo de guerrilheiros em movimento armado das massas revolucionárias.

Em 1991, o projeto, em formato definitivo, já vinha exposto com toda a clareza no livro Quatrocentos Contra Um, do líder do Comando Vermelho, William da Silva Lima, publicado pela Labortexto e lançado ao público na sede da Associação Brasileira da Imprensa, entre aplausos de mandarins da intelectualidade esquerdista que ali viam materializados seus sonhos mais belos de justiça e caridade.

Mais que materializados, ampliados: "Conseguimos o que a guerrilha não conseguiu: o apoio da população carente. Vou aos morros e vejo crianças com disposição, fumando e vendendo baseado. Futuramente, elas serão três milhões de adolescentes, que matarão vocês nas esquinas." Todo o descalabro sangrento que hoje aterroriza a população do Rio de Janeiro não é senão a efetivação do plano aí esboçado com a ajuda dos mesmos luminares do esquerdismo que hoje pontificam sobre "segurança pública".

O parágrafo seguinte não preciso escrever, porque já escrevi. Está no Diário do Comércio de 16 de outubro de 2009 (http://www.olavodecarvalho.org/semana/091016dc.html): "Mais tarde, os terroristas subiram na vida, tornaram-se deputados, senadores, desembargadores, ministros de Estado, tendo de afastar-se de seus antigos companheiros de presídio. Estes não ficaram, porém, desprovidos de instrutores capacitados.

A criação do Foro de São Paulo, iniciativa daqueles terroristas aposentados, facilitou os contatos entre agentes das Farc e as quadrilhas de narcotraficantes brasileiros - especialmente do PCC -, dos quais logo se tornaram mentores, estrategistas e sócios. Foi o que demonstrou o juiz federal Odilon de Oliveira, de Ponta Porã, MS, pagando por essa ousadia o preço de ter de viver escondido, como de fosse ele próprio o maior dos delinquentes, enquanto os homens das Farc transitam livremente pelo país, têm toda a proteção da militância esquerdista em caso de prisão e até são recebidos como hóspedes de honra por altos próceres petistas."

Mas também é claro que, entre esses dois momentos, os apóstolos da sociedade justa não ficaram parados: fizeram leis que dificultam a ação da polícia (o governador carioca Leonel Brizola chegou a bloqueá-la por completo), espalharam por toda a sociedade a noção de que os bandidos são vítimas e, a pretexto de combater o crime por meio de uma "política de inclusão", construíram nos redutos da bandidagem obras de infraestrutura que tornam a vida dos criminosos mais confortável e sua ação mais eficiente.

No meio de tanta atividade meritória, ainda tiveram tempo de estreitar os laços tático-estratégicos entre as quadrilhas de delinquentes e a militância política, articulando, nas reuniões do Foro de São Paulo, a colaboração entre as Farc e o MST, que hoje recebe da guerrilha colombiana o mesmo adestramento em técnicas de guerrilha que começou a ser transmitido aos presos da Ilha Grande nos anos 70.

Falar em "ligações" da esquerda com o crime é eufemismo. O que há é a unidade completa, a integração perfeita, uma das mais formidáveis obras de engenharia revolucionária de todos os tempos. Não espanta que empreendimento de tal envergadura tenha a seu dispor, entre os "formadores de opinião", um número até excessivo de colaboradores incumbidos de negar a sua existência.

Olavo de Carvalho.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A moderna Torre de Babel

Muitas coisas que existem nas Sagradas Escrituras são de difícil entendimento. Uma das coisas que nunca devemos fazer ao lermos a Bíblia é tomarmos tudo que está lá de forma estritamente literal. Na maioria das vezes só vamos entender o que realmente Deus queria dizer por meio dos profetas e dos que foram inspirados pelo Espírito Santo para escrever ou descrever determinado fato, muito tempo depois, quando passamos por experiências semelhantes, ou nos debruçamos sobre algum enigma real em nossas vidas práticas.
Cada vez mais estou convencido de que as escrituras tem toda uma filosofia para descrever a realidade imbutida muitas vezes dentro de estórias que quase nada tem haver com o mundo prático, sendo portanto na maioria das vezes, descartadas como simples lendas ou ridicularizadas pelos ateus e por pessoas que não são capazes de perceber que a verdadeira sabedoria está nas coisas mais simples e diretas, e que uma obsrvação mística escapa aos olhos acostumados a ver as coisas fechadas em si mesmas, como se as leis naturais fossem por si mesmas capazes de sustentar toda a infinitude do universo e a eternidade do tempo, sem contar o abarcamento de todo o mistério da vida e da morte.
Constantemente, mas de um certo período para cá, tenho me despertado para significações bíblicas dantes vistas por mim como incógnitas indecifráveis, e que num estalo, dado em face de um fato real em minha vida, passam a ser entendidas por mera associação de idéias, que lançam novas luzes de entendimento dessas mesmas alegorias bíblicas mediante comparação com o fato real vivenciado por mim.
Uma delas é a estória da Torre de babel, que narra a estória dos homens descendentes de Noé, da era pós diluviana, que, segundo a Bíblia, começaram a contruir uma cidade e uma torre bem alta, para que seus nomes fossem glorificados, e que Deus ao ver aquilo, confundira suas línguas a fim de que não mais conseguissem fazer o quisessem sem restrições e fossem dispersados por toda a terra.
Essa simples estória nos mostra uma profunda lição e entendimento da realidade e de nossa situação atual: Primeiro ela nos diz que um mundo unificado por pessoas más e ignorantes, só multiplica o mal e gera a auto destruição e em segundo lugar nos diz que qualquer tentativa de se igualar á Deus está fadada ao fracasso.
Quando vemos todo esforço dos globalistas da Nova Ordem Mundial em criar uma só cultura, um só sistema político, uma religião artifical que seria aceita por todos, uma só lingua e etc, vemos que, se por um lado um mundo globalizado e sem barreiras, é por definição um mundo mais simples e organizado, por outro lado, mostra que a humanidade não está preparada para um mundo assim feito pelo poder humano, e que um governo mundial só legitimará uma ditadura com todos os poderes para dar a vida ou retirá-la, a bel prazer de uma pequena elite. Antes de mais nada, esse intento, assim como o anti-cristo é uma imitação satanica do verdadeiro Cristo, é uma proposta satanica da Nova Jerusalém, que, ao contrário, não é feita pelos homens, mas ela desce dos céus, ou seja, não dependerá de iniciativas culturais ou governamentais, pois assim como Deus confundiu as línguas, e aqui se inclui tudo que está ligada á ela: cultura, raça, sistemas, etc, Deus as unirá no tempo devido à Sua maneira. Esse mundo único é a proposta da Nova Ordem Mundial, que está cada vez mais ganhando força no mundo.
A segunda lição que podemos extrair da estória da torre de Babel é que, o fato de ter Deus confundido suas línguas para que eles não completassem a torre, mostra metaforicamente que, nunca poderemos tentar criar um universo paralelo, por inteiro ou parcialmente por meio de qualquer Ciência, sem que soframos as consequências desses atos. Deus quiz mostrar através da estória do fracasso humano em tentar criar uma torre até aos altos céus, que a pretensão de usar o conhecimento para violar as leis da Criação é errado, primeiro porque ter essa pretensão em sí mesma já é uma afronta à Deus, e segundo, que por violar as leis naturais ela está fadada invariavelmente ao fracasso.
Muitos filmes tipo Matrix, Exterminador do Futuro, Avatar, etc, nos sugerem que somos capazes de recriar o universo e que a Ciência pode um dia nos levar a sermos tão criativos quanto Deus, sem prestarmos atenção no fato de que tudo que fizermos com as coisas já existentes, estaremos apenas emprestando o material já criado e modificando à nossa própria maneira, não muito diferente do que faz uma criança de 4 anos quando começa a brincar com blocos de montar. Não podemos nos esquecer de que qualquer modificação radical na estrutura das coisas sempre vai dar errado pelo simples fato de que qualquer coisa, virtualmente qualquer coisa que altere uma vírgula do universo, desestruturaria todo o tecido vivo do universo. Basta que isso acontecesse uma única vez, para o universo inteiro deixar de existir no momento seguinte. Para alterarmos um único componente do universo, teríamos que alterar todo o universo, ou criar outro igualzinho. Ou seja, a pretenção dos cientistas em fazer modificações genéticas radicais é a mesma pretensão daqueles homens que queriam criar uma torre para atingir o céu.
Só para dar um exemplo,vi numa reportagem sobre alguns cientistas declarando que podemos evitar o envelhecimento injetando nano-robôs, máquinas minúsculas que poderão evitar que as células morram. Ora, esses cientistas treinados na mentalidade modernista que separam o mundo fenomenal do mundo causal, e excluem o transcendente da realidade das coisas, não conseguem enxergar o fato de que a velhice não é apenas o controle das células. Se a velhice fosse apenas isto, eu diria que eles teriam sucesso, mas ela é mais do que isto, ela é, assim como qualquer fenomeno físico, um conjunto entretecido de coisas e situações infinitamente fora do controle humano. É como dizer que uma operação plástica pode lhe trazer a juventude de volta. Por isto esse projeto está condenado ao fracasso e esses contrutores modernos de Babel, serão jogados lá de cima, não por um dedo divino que interferirá diretamente, mas pelas próprias leis da natureza e do espírito que são o substrato da própria realidade.
Esse é só um exemplo da irracionalidade que faz parte do imaginário científico, moldado pelo pensamento modernista que excluiu a espiritualidade da vida prática e que permeia a cultura científica, principalmente entre os biólogos, antropólogos, sociólogos e filósofos. São vítimas da chamada ``Paralaxe cognitiva´´, que tanto acomete os homens de ciência e filósofos modernos que faz com que ao formular uma verdade universal, uma cosmovisão, esquecem de se incluirem a si mesmos como partes delas, sendo portanto a existência ou ação do pensador a principal prova da contradição daquilo que ele mesmo está propondo.
Na prática da engenharia genética, se observa o mesmo quando se admite que o homem terá num futuro qualquer, a capacidade de criar a vida de forma ``totalmente´´ artificial, sendo que todo o material utilizado será de natureza não artifical, portanto de totalmente artificial mesmo será na melhor das hipóteses a própria teoria. Caem no engano de pensar que podem pensar e agir numa outra realidade que não a própria que eles mesmos estão inseridos desde que se dão como gente.
A perniciosidade desse tipo de pensamento está não numa probabilidade mesmo que ínfima de serem bem sucedidos, pois tenho certeza que se tal possibilidade existisse, eu não estaria aqui agora escrevendo isto para voces, mas na capacidade de, em busca de realizar tais intentos, levarem consigo a vida física e espiritual de milhões de pessoas, por tempo suficientemente longo, antes de serem desmascarados como charlatães e loucos, dignos de constarem em algum livro de mitologia como os novos construtores de Babel.

André Chilano.

sábado, 25 de setembro de 2010

Estratégia tucano-petista: dessensibilização sistemática

Estratégia tucano-petista: dessensibilização sistemática Heitor De Paola | 13 Setembro 2010
Artigos - Eleições 2010

Assim estão os anestesiados liberais e conservadores brasileiros: presos entre comunistas 'bonzinhos' do PSDB e 'mauzinhos' do PT.

O meu último artigo, Agora é Tarde, suscitou intenso debate ao ser editado no Mídia Sem Máscara. Afora alguns comentários idiotas, que sempre surgem, a grande maioria foi de comentaristas sérios e visivelmente preocupados com o futuro do nosso País. O mais sugestivo, no entanto, foi o de Luciano Garrido, que já conheço de grupos de discussões. Psicólogo e conhecedor da Psicologia Comportamental aduziu um importante fator que me passou totalmente despercebido com relação à sugestão mais freqüente que tenho ouvido a respeito das eleições: deve-se ao menos votar no 'menos ruim'. Este argumento, tão antigo quanto me lembro a respeito das eleições das últimas cinco décadas, repete-se com regularidade enervante, é o tal do 'voto útil'. Quando este argumento surgiu, eu respondi a um dos leitores:

"...eu estava esperando que alguém apresentasse este argumento. É o mesmo desde 1998, principalmente desde 2002: votar no menos ruim para, daqui a 4 anos, prepararmos um candidato melhor. Em 12 anos não surgiu nenhum e você espera que ainda surja? A última chance foi 1989, depois os dois partidos se tornaram hegemônicos e nada, repito, nada os tirará do poder! Como disse Larry Rohter, no NYT: este ano se completa o 16º ano do governo FHC/Lula! Elegendo Serra ou Dilma completaremos o 20º - e eles não permitirão que se crie nenhum outro que lhes faça cócegas sequer"

(Acrescento agora: o PFL, que poderia representar um voto liberal conservador, ao transmutar-se em DEM e basear seus Estatutos no do Partido Democrata americano, socialista, e ser entregue aos Maias (perdão Eça, são os do Rio, não os alfacinhas!) degenerou-se em mais um partideco de botequim sem expressão nenhuma embora ainda possua quadros de respeito, como a Senadora Kátia Abreu que conheci pessoalmente no evento do Foro do Brasil/ADESG no dia 28 de agosto p.p..

Concordo que o voto útil é muito sedutor, eu mesmo o utilizei em 1989, quando meu candidato era Afif Domingos, mas votei no Collor temendo um segundo turno entre Lula e Brizola. E novamente em 1994, votei em FHC temendo Lula. Mas então me dei conta de que ambos são filhos do mesmo ovo de serpente, que abordei num artigo anterior, e não mais votei em ninguém. A frase de FHC que me abriu os olhos foi: acabou a farra dos importados! Percebi que apesar de os tucanos se mostrarem bonzinhos, ambos os partidos nos consideravam criancinhas que só podem brincar de carrinho enquanto papai deixar. Chegando a hora de dormir acabou a farra! Me recuso terminantemente a ser tratado assim depois de bem crescido e resolvi que ao menos meu voto nenhum destes partidos teria jamais!

Porém, este negócio do voto útil não é aleatório, está incluído numa estratégia mostrada por Garrido. Copio seu comentário:

"De candidato menos ruim em candidato menos ruim, em breve estaremos no pior dos mundos possíveis. Acho que essa é a tática da esquerda hoje em dia. Algo semelhante ao que em psicologia se chama de "dessensibilização sistemática". Essa ampla aceitação do Serra, até por seguimentos ditos conservadores, é um sinal claro do fenômeno. O eixo da política está se deslocando paulatinamente à esquerda ante uma platéia anestesiada..."

Neste comentário compreendi o que antes era percebido, mas não entendido por mim: este é o cerne da estratégia de ambos os partidos que disputam as eleições: levar o eixo cada vez mais para a esquerda de modo que, daqui a alguns anos, tenhamos que escolher o menos ruim entre Chávez e Morales. Ou pior: entre Fidel y su hermanito Raúl!

Um dos corolários desta estratégia é a tática de interrogatório em que dois interrogadores se revezam: um extremamente mau, e outro de uma bondade infinita que apela para o coração já esfarrapado do interrogado: olha, se você não falar agora, não poderei deter mais o fulano que usa métodos terríveis!

Esta tática atinge as raias do inferno no interrogatório a que foi submetido pela GESTAPO Jan Valtin, pseudônimo de Richard Julius Hermann Krebs, ativista comunista alemão, magistralmente descrito em seu livro From the Bottom of the Night, (New York: Alliance Book Corporation, 1940. Existe traduzido para o português, porém esgotado há décadas: Do Fundo da Noite).

Eu mesmo, de forma muito mais suave, experimentei esta tática. Fui preso em Fortaleza, Ceará, em outubro de 1965 para onde fora ostensivamente como Vice Presidente da UNE, mas clandestinamente como representante do Comando Nacional de Ação Popular (AP), incumbência recebida diretamente do próprio CN constituído então por Herbert José de Souza (Betinho), Aldo Arantes, Duarte Pacheco do Lago e outros cujo nome eu não conhecia. Quando estava para ser solto foi descoberto, por burrice do Presidente da UEE do Ceará, um documento recebido de Paris e de autoria de Vinicius Caldeira Brandt, ex-presidente da UNE que integrava, junto com José Serra (sim, este mesmo, o queridinho 'menos ruim' de alguns conservadores enganados e apavorados!) um Comando no exílio. Neste documento já se preparava a futura adesão da AP à luta armada e às idéias de Mao Zedong, Vo Nguyen Giap e Ho Chi Min sobre guerrilha rural. Imediatamente o tom dos interrogatórios mudou: eu havia sido preso pelo DOPS e entregue ao Exército. O encarregado do IPM (Inquérito Policial Militar), Major Edísio Facó, passou a ser acompanhado pelo 'temível' Diretor do DOPS, Bacharel Firmino, de quem se contavam atrocidades. E começou a tática: Facó, bonzinho, camarada, sujeito legal e Firmino e seus meganhas, ameaçadores, sempre prontos a levar-me para uma praia (?) onde, segundo eles, sumiam seus interrogados depois de 'baterem com a língua nos dentes' e entregarem tudo (soube depois que isto não era verdade, era pura encenação). Embora eu conhecesse a tática e estivesse preparado para enfrentá-la, várias vezes me senti tentado a entregar logo o jogo para me livrar das ameaças. Resisti e nada aconteceu!

Assim estão os anestesiados liberais e conservadores brasileiros: presos entre comunistas 'bonzinhos' do PSDB e 'mauzinhos' do PT, sentem-se tentados a entregar o seu voto aos primeiros, enquanto - como bem o diz Garrido - eles vão deslocando o eixo de opções cada vez mais à esquerda! Chegam até a acreditar que o Serra vai cumprir o compromisso do seu vice, o Índio, de ser contra a legalização do aborto, como se compromisso de político valesse mais do que uma nota de três reais, ainda mais quando nem assumida pelo próprio, mas por outro em seu nome! Aí não vale nem um tostão furado! É só para mostrar-se 'bonzinho' e 'queridinho' dos conservadores.

Rendam-se e depois não se arrependam. Ganhe quem ganhar, dentro de quatro anos teremos Lula versus outro tucano qualquer, mais à esquerda ainda do que Serra, com o ridículo DEM totalmente absorvido por um dos dois.

E la nave va...

domingo, 8 de agosto de 2010

Stallone está certo

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 28 de julho de 2010


A mídia inteira está brabíssima com Sylvester Stallone porque ele disse que no Brasil você pode explodir o país e as pessoas ainda lhe agradecem, dando-lhe de quebra um macaco de presente. Alguns enfezados chegaram até a resmungar que com isso o ator estava nos chamando de macacos – evidenciando claramente que não sentem a diferença entre dar um macaco e ser um macaco.

Da minha parte, garanto que Stallone só pecou por eufemismo. Macaco? Por que só macaco? Exploda o país e os brasileiros lhe dão macaco, tatu, capivara, onça pintada, arara, cacatua, colibri, a fauna nacional inteira, mais um vale-transporte, uma quota no Fome Zero, assistência médica de graça, um ingresso para o próximo show do Caetano Veloso e um pacote de ações da Bolsa de Valores. Exploda o país como o fazem as Farc, treinando assassinos para dizimar a população, e o governo lhe dá cidadania brasileira, emprego público para a sua mulher e imunidade contra investigações constrangedoras. Seqüestre um brasileiro rico e cinco minutos depois os outros ricos estão nas ruas clamando pela libertação – não do seqüestrado, mas do seqüestrador (passado algum tempo, o próprio seqüestrado convida você para um jantar na mansão dele). Crie uma gigantesca organização clandestina, armando com partidos legais uma rede de proteção para organizações criminosas, e a grande mídia lhe dará todas as garantias de discrição e silêncio para que o excelente negócio possa progredir em paz: sobretudo, ninguém, ninguém jamais perguntará quem paga a brincadeira. Tire do lixo o cadáver do comunismo, dando-lhe nova vida em escala continental, e os capitalistas o encherão de dinheiro e até se inscreverão no seu partido, alardeando que você mudou e agora é neoliberal. Crie a maior dívida interna de todos os tempos, e seus próprios credores serão os primeiros a dizer que você restaurou a economia nacional. Encha de dinheiro os invasores de terras, para que eles possam invadir mais terras ainda, e até os donos de terras o aplaudirão porque você “conteve a sanha dos radicais”. Mande abortar milhões de bebês, e os próprios bispos católicos taparão a boca de quem fale mal de você. Mande seu partido acusar as Forças Armadas de todos os crimes possíveis e imagináveis, e os oficiais militares, além de condecorar você, sua esposa e todos os seus cupinchas, ainda votarão em você nas eleições presidenciais. Destrua a carreira de um presidente “direitista” e uns anos depois ele estará trocando beijinhos com você e cavando votos para a sua candidata comunista no interior de Alagoas.

Um macaco? Um desprezível macaquinho? Que é isso, Stallone? Você não sabe de quanta gratidão, de quanta generosidade o brasileiro é capaz, quando você bate nele para valer.

Fora essa ressalva quantitativa, no entanto, a declaração do ator de “Rambo” é a coisa mais verdadeira que alguém disse sobre o Brasil nos últimos anos: este é um país de covardes, que preferem antes bajular os seus agressores do que tomar uma providência para detê-los.

O clássico estudo de Paulo Mercadante, A Consciência Conservadora no Brasil, já expunha a tendência crônica das nossas classes altas, de tudo resolver pela conciliação. Mas a conciliação, quando ultrapassa os limites da razoabilidade e da decência, chega àquele extremo de puxa-saquismo masoquista em que o sujeito se mata só para agradar a quem quer matá-lo.

Curiosamente, muitos dos que se entregam a essa conduta abjeta alegam que o fazem por esperteza, citando a regra de Maquiavel: se você não pode vencer o adversário, deve aderir ao partido dele. Esses cretinos não sabem que, em política prática, Maquiavel foi um pobre coitado, que sempre apostou no lado perdedor e terminou muito mal. A pose de malícia esconde, muitas vezes, uma ingenuidade patética.

sábado, 24 de julho de 2010

A nova religião nacional

A nova religião nacional

Olavo de Carvalho

Atos libidinosos num templo religioso tipificam nitidamente o crime de ultraje a culto, previsto no art. 208 do Código Penal. A proposta de lei 5003/2001 consagra esse crime como um direito dos homossexuais e castiga com pena de prisão quem tente impedir a sua prática. Se o Congresso a aprovar, terá de revogar aquele artigo ou decidir que ele se aplica só aos heteros, oficializando a discriminação sexual sob a desculpa de suprimi-la. Terá de revogar também o artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que assegura aos crentes “a liberdade de manifestar sua religião.... isolada ou coletivamente, em público ou em particular”.

A ética sexual das religiões tradicionais é parte integrante da sua doutrina e prática. Proibir uma coisa é criminalizar a outra. Aprovada a PL, no dia seguinte as igrejas estarão repletas de militantes gays aos beijos e afagos, ostentando poder, desafiando os fiéis a ir para a prisão ou baixar a cabeça ante o espetáculo premeditadamente acintoso. O crente que deseje evitar essa humilhação terá de praticar sua devoção em casa, escondido, como no tempo das catacumbas.

A desculpa de proteger uma minoria oprimida é cínica e fútil. De um lado, nunca os homossexuais sofreram violência na escala em que estão expostos a ela os cristãos hoje em dia. Todo genocídio começa com o extermínio cultural, com o escárnio e a proibição dos símbolos e valores que dão sentido à vida de uma comunidade. Na década de 90 os cristãos foram assassinados à base de cem mil por ano nos países comunistas e islâmicos, enquanto na Europa e nos EUA a esquerda chique votava lei em cima de lei para criminalizar a expressão da fé nas escolas, quartéis e repartições públicas. A PL 5003/2001 é genocídio cultural em estado puro, indisfarçável.

De outro lado, qualquer homossexual que esteja ansioso para trocar amassos com seu parceiro dentro de uma igreja em vez de fazê-lo em casa ou num motel não é bem um homossexual: é um exibicionista sádico que tem menos prazer no contato erótico do que em ofender os sentimentos religiosos dos outros. É preciso ser muito burro e tacanho para confundir o desejo homoerótico com a volúpia da blasfêmia e do escândalo. O primeiro é humano. A segunda é satânica por definição. É a manifestação inconfundível do ódio ao espírito. Uma lei que a proteja é iníqua e absurda. Se o Congresso a aprovar, não deixará aos religiosos senão a opção da desobediência civil em massa.

A ex-deputada petista Iara Bernardi, autora da proposta, diz que a nova lei “é uma importante abertura no caminho para o Estado verdadeiramente laico”.

Laico, o Estado já é. Não possui religião oficial, não obriga ninguém a ter ou não ter religião. Mas o Estado com que sonha a ex-parlamentar é algo mais. É o Estado que manda à prisão o crente que repita em voz alta – mesmo dentro do seu próprio templo – os mandamentos milenares da sua religião contra as condutas sexuais agora privilegiadas pela autoridade. Esse Estado não é laico: quem coloca o prazer erótico de alguns acima da liberdade de consciência religiosa de todos os outros instaura, no mesmo ato, um novo culto. Ergue uma nova divindade acima do Deus dos crentes. É o deus-libido, intolerante e ciumento.

Psicologia gay

Em comparação com a perseguição anticristã no mundo, a suposta discriminação dos gays é, na melhor das hipóteses, uma piada. Ao longo dos últimos cem anos, nas democracias capitalistas, nenhum homossexual jamais sofreu, por ser homossexual, humilhações, perigos e danos comparáveis, por exemplo, aos que a militância gay enlouquecida vem impondo ao escritor evangélico brasileiro Júlio Severo pelo crime de ser autor do livro O Movimento Homossexual . Não posso por enquanto contar o caso em detalhes porque prejudicaria o próprio Júlio, a esta altura metido numa encrenca judicial dos diabos. Mas, garanto, é uma história assustadora.

A discriminação e marginalização dos homossexuais é real e grave nos países islâmicos e comunistas, especialmente em Cuba, mas as alianças políticas do movimento gay fazem com que ele prefira se manter calado quanto a esse ponto, descarregando suas baterias, ao contrário, justamente em cima das nações que mais mimam e protegem os homossexuais.

Dois livros que recomendo a respeito são “Gay New York: Gender, Urban Culture and the Making of the Gay Male World, 1890- 1940” , de George Chauncey, New York, Basic Books, 1994, e “Bastidores de Hollywood: A Influência Exercida por Gays e Lésbicas no Cinema, 1910- 1969” , de William J. Mann, publicado em tradução brasileira pela Landscape Editora, de São Paulo, em 2002. Nenhum dos dois foi escrito por inimigos da comunidade gay . Ambos mostram que, em dois dos mais importantes centros culturais e econômicos dos EUA os gays tinham já desde o começo do século XX um ambiente de muita liberdade, no qual, longe de ser discriminados, gozavam de uma posição privilegiada – justamente nas épocas em que a perseguição a cristãos e judeus no mundo subia às dimensões do genocídio sistemático.

Em hipótese alguma a comunidade gay pode se considerar ameaçada de extinção ou vítima de agressões organizadas comparáveis àquelas que se voltaram e voltam contra outros grupos humanos, especialmente religiosos. Ao longo de toda a minha vida, nunca vi nem mesmo alguém perder o emprego, no Brasil, por ser homossexual. Ao contrário, já vi grupos homossexuais dominando por completo seus ambientes de trabalho, incluisive na mídia.

Se, apesar disso, o sentimento de discriminação continua real e constante, ele não pode ser explicado pela situação social objetiva dessa comunidade: sua causa deve estar em algum dado existencial mais permanente, ligado à própria condição de homossexual. Talvez esta última contenha em si mesma algum estímulo estrutural ao sentimento de rejeição. A mim me parece que é exatamente isso o que acontece, e por um motivo bastante simples.

A identidade heterossexual é a simples tradução psíquica de uma auto-imagem corporal objetiva, de uma condição anatômica de nascença cuja expressão sexual acompanha literalmente a fisiologia da reprodução. Ela não é problemática em si mesma. Já a identidade homossexual é uma construção bem complicada, montada aos poucos com as interpretações que o indivíduo dá aos seus desejos e fantasias sexuais. Ninguém precisa “assumir” que é hetero: basta seguir a fisiologia. Se não houver nenhum obstáculo externo, nenhum trauma, a identidade heterossexual se desenvolverá sozinha, sem esforço. Mas a opção homossexual é toda baseada na leitura que o indivíduo faz de desejos que podem ser bastante ambíguos e obscuros.

A variedade de tipos heterogêneos abrangidos na noção mesma de “homossexual” – desde o macho fortão atraído por outros iguais a ele até o transexual que odeia a condição masculina em que nasceu – já basta para mostrar que essa leitura não é nada fácil. Trata-se de perceber desejos, interpretá-los, buscar suas afinidades no mundo em torno, assumi-los e fixá-los enfim numa auto-imagem estável, numa “identidade”. Não é preciso ser muito esperto para perceber que esse desejo, em todas as suas formas variadas, não é uma simples expressão de processos fisiológicos como no caso heterossexual (descontadas as variantes minoritárias deste último), mas vem de algum fator psíquico relativamente independente da fisiologia ao ponto de, na hipótese transexual, voltar-se decididamente contra ela.

A conclusão é que o desejo em si mesmo, o desejo consciente, assumido, afirmado – e não o desejo como mera manifestação passiva da fisiologia –, é a base da identidade homossexual. Mas uma identidade fundada na pura afirmação do desejo é, por sua própria natureza, incerta e vacilante, porque toda frustração desse desejo será vivenciada não apenas como uma decepção amorosa, mas como um atentado contra a identidade mesma. Normalmente, um heterossexual, quando suas pretensões amorosas são frustradas, vê nisso apenas um fracasso pessoal, não um ataque à heterossexualidade em geral. No homossexual, ao contrário, o fato de que a maioria das pessoas do seu próprio sexo não o deseje de maneira alguma já é, de algum modo, discriminação, não só à sua pessoa, mas à sua condição de homossexual e, pior ainda, à homossexualidade em si. É por isso que os homossexuais se sentem cercados de discriminadores por todos os lados, mesmo quando ninguém os discrimina, no sentido estrito e jurídico em que a palavra discriminação se aplica a outras comunidades. A simples repulsa física do heterossexual aos atos homossexuais já ressoa, nas suas almas, como um insulto humilhante, embora ao mesmo tempo lhes pareça totalmente natural e improblemática, moralmente, a sua própria repulsa ao intercurso com pessoas do sexo oposto e até com outro tipo de homossexuais, que tenham desejos diferentes dos seus. Tempos atrás li sobre a polêmica surgida entre gays freqüentadores de saunas, que não admitiam a presença de transexuais nesse ambiente ultracarregado de símbolos de macheza. “Tenho nojo disso”, confessavam vários deles. Imagine o que diria o movimento gay se declaração análoga viesse de heterossexuais. Seria um festival de processos. Mas o direito do gay a um ambiente moldado de acordo com a forma do seu erotismo pessoal não parecia ser questionável. Nem muito menos o era o seu direito à repulsa ante os estímulos adversos – a mesma repulsa que o macho hetero sente ante a hipótese de ir para a cama com homos e transexuais, mas que neste caso se torna criminosa, no entender do movimento gay. Em suma, para os gays , expressar a forma específica e particular dos seus desejos – e portanto expressar também a repulsa inversamente correspondente – é uma questão de identidade, uma questão mortalmente séria, portanto um “direito” inalienável que, no seu entender, só uma sociedade opressiva pode negar. A repulsa do hetero ao homossexualismo, ao contrário, é uma violência inaceitável, como se ela não fosse uma reação tão espontânea e impremeditada quanto a dos gays machões pelos transexuais pelados numa sauna (um depoimento impressionante a respeito vem nas “Memórias do Cárcere” de Graciliano Ramos: o escritor, insuspeito de preconceitos reacionários, tinha tanto nojo físico dos homossexuais que, na prisão, rejeitava a comida feita pelo cozinheiro gay). De acordo com a ideologia do movimento, só os gays têm, junto com o direito à atração, o direito à repulsa. Os heteros que guardem a sua em segredo, ao menos por enquanto. O ideal gay é eliminá-la por completo. Mas isto só será possível quando todos os seres humanos forem homossexuais ao menos virtualmente. Daí a necessidade de ensinar o homossexualismo desde a escola primária. Os objetivos do movimento gay vão muito além da mera proteção da comunidade contra perseguições, aliás inexistentes na maioria dos casos, a não ser que piadinhas ou expressões verbais de rejeição constituam algo assim como um genocídio. Instaurar o monopólio gay do direito à repulsa exige a reforma integral da mente humana. A ideologia gay é a forma mais ambiciosa de radicalismo totalitário que o mundo já conheceu.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A mentalidade revolucionária

De Nivaldo Cordeiro
A política esquerdista é criminosa na origem porque esconde o real e proclama o delírio como a verdadeira realidade (aqui). A alma dos eleitores é naturalmente conservadora. O discurso socialista é uma falsificação que precisa ser denunciada e derrotada (aqui).
cavaleiro do templo

sábado, 11 de julho de 2009
Análise do filme "The Soviet Story" por Olavo de Carvalho

OLAVO DE CARVALHO
Diário do Comércio, 11 de dezembro de 2008




"...A mentalidade revolucionária não é um conjunto de crenças, é um sistema de incapacidades adquiridas, que começam com um escotoma intelectual e culminam numa insensibilidade moral criminosa. É uma doença mental no sentido mais estrito e clínico do termo, correspondente àquilo que o psiquiatra Paul Sérieux (http://web2.bium.univ-paris5.fr/livanc/?cote=61092&p=1&do=page) descrevia como delírio de interpretação..."




"Stalin estava nadando em sangue! Eu vi as penas de morte, que ele assinou em pacotes!"
Mikhail Gorbachev




Se você acha que comunistas, socialistas e marxistas acadêmicos são pessoas normais e respeitáveis, com as quais é possível um "diálogo democrático", por favor vá ao site http://www.sovietstory.com/about-the-film e veja o filme The Soviet Story, que o cientista político Edvins Snore escreveu e dirigiu baseado em documentos recém-desencavados dos arquivos soviéticos. Eis algumas coisinhas que você pode aprender com ele:


1. Toda a tecnologia genocida dos campos de concentração foi inventada pelos soviéticos. Os nazistas enviaram comissões a Moscou para estudá-la e copiar o modelo.


2. O governo da URSS assinou com os nazistas um tratado para o extermínio dos judeus e cumpriu sua parte no acordo, entre outras coisas enviando de volta à Gestapo os judeus que, iludidos pelas promessas do paraíso comunista, buscavam asilo no território soviético.


3. A ajuda soviética à máquina de guerra nazista foi muito maior do que se imaginava até agora. O nazismo jamais teria crescido às proporções de uma ameaça internacional sem as armas, a assistência técnica, os alimentos e o dinheiro que a URSS enviou a Hitler desde muito antes do Pacto Ribbentrop-Molotov de 1939.


4. Altos funcionários do governo soviético defendiam – e os remanescentes defendem ainda – a tese de que fortalecer o nazismo foi uma medida justa e necessária adotada por Stálin para combater o "fascismo judeu" (sic).


5. Nada disso foi um desvio acidental de idéias inocentes, mas a aplicação exata e rigorosa das doutrinas de Marx e Lenin que advogavam o genocídio como prática indispensável à vitória do socialismo.

Todo militante ou simpatizante comunista é cúmplice moral de genocídio, tem as mãos tão sujas quanto as de qualquer nazista, deve ser denunciado em público e excluído da convivência com pessoas decentes. A alegação de ignorância, com que ainda podem tentar se eximir de culpas, é tão aceitável da parte deles quanto o foi da parte dos réus de Nuremberg. É uma vergonha para a humanidade inteira que crimes desse porte não tenham jamais sido julgados, que seus perpetradores continuem posando no cenário internacional como honrados defensores dos direitos humanos, que partidos comunistas continuem atuando livremente, que as idéias marxistas continuem sendo ensinadas como tesouros do pensamento mundial e não como as aberrações psicóticas que indiscutivelmente são. É uma vergonha que intelectuais, empresários e políticos liberais, conservadores, protestantes, católicos e judeus vivam aos afagos com essa gente, às vezes até rebaixando-se ao ponto de fazer contribuições em dinheiro para suas organizações.

Seguem abaixo algumas considerações sobre esse fenômeno deprimente. A convenção vigente nas nações democráticas trata os porta-vozes das várias posições políticas como se fossem pessoas igualmente dignas e capacitadas, separadas tão-somente pelo conteúdo das suas respectivas convicções e propostas. Confiantes nessa norma de polidez e aceitando-a como tradução da realidade, os conservadores, liberais clássicos, social-democratas e similares caem no erro medonho de tentar um confronto com os revolucionários no campo do diálogo racional.

Todos os seus esforços persuasivos dirigem-se, então, no sentido de tentar modificar o "conteúdo" das crenças do interlocutor, mostrando-lhe, por exemplo, que o capitalismo é mais eficiente do que o socialismo, que a economia de mercado é indispensável à manutenção das liberdades individuais, ou mesmo entrando com eles em discussões morais e teológicas mais complexas. Tudo isso não apenas é uma formidável perda de tempo, mas é mesmo um empreendimento perigoso, que coloca o defensor da democracia numa posição extremamente fragilizada e vulnerável. A discussão democrática racional não somente é inviável com indivíduos afetados de mentalidade revolucionária, mas expõe o democrata a uma luta desigual, desonesta, impossível de vencer. O debate com a mentalidade revolucionária é o equivalente retórico da guerra assimétrica.

Trinta anos de estudos sobre a mentalidade revolucionária convenceram-me de que ela não é a adesão a este ou àquele corpo de convicções e propostas concretas, mas a aquisição de certos cacoetes lógico-formais incapacitantes que acabam por tornar impossível, para o indivíduo deles afetado, a percepção de certos setores básicos da experiência humana. A mentalidade revolucionária não é um conjunto de crenças, é um sistema de incapacidades adquiridas, que começam com um escotoma intelectual e culminam numa insensibilidade moral criminosa. É uma doença mental no sentido mais estrito e clínico do termo, correspondente àquilo que o psiquiatra Paul Sérieux (http://web2.bium.univ-paris5.fr/livanc/?cote=61092&p=1&do=page) descrevia como delírio de interpretação (Cavaleiro do Templo: este autor foi devidamente "desaparecido" da academia, no Brasil o livro sequer foi traduzido para o português e, portanto, nossos doutores "psi" qualquer coisa (psicólogos, psiquiatras, etc) não sabem que existe tal doença, não podendo portanto identificá-la, o que facilitaria imensamente a exposição destes celerados que estão no poder no Ocidente).

Numa discussão com o homem normal, o revolucionário está protegido pela sua própria incapacidade de compreendê-lo. Os antigos retóricos consideravam que o gênero mais difícil de discurso, chamado por isso mesmo genus admirabile, é aquele que se dirige ao interlocutor incapaz. Os melhores argumentos só podem funcionar ante a platéia que os compreenda; eles não têm o dom mágico de infundir capacidade no auditório, nem de curá-lo de um handicap adquirido.

Os sintomas mais graves e constantes da mentalidade revolucionária são, como já expliquei, a inversão do sentido do tempo (o futuro hipotético tomado como garantia da realidade presente), a inversão de sujeito e objeto (camuflar o agente, atribuindo a ação a quem a padece) e a inversão da responsabilidade moral (vivenciar os crimes e crueldades do movimento revolucionário como expressões máximas da virtude e da santidade). Esses traços permanecem constantes na mentalidade revolucionária ao longo de todas as mutações do conteúdo político do seu discurso, e é claro que qualquer alma humana na qual eles tenham se instalado como condutas cognitivas permanentes está gravemente enferma.

Tratá-la como se estivesse normal, admitindo a legitimidade da sua atitude e rejeitando tão-somente este ou aquele conteúdo das suas idéias, é conformar-se em representar um papel numa farsa psicótica da qual os dados da realidade estão excluídos a priori, já não constituindo uma autoridade a que se possa apelar no curso do debate.

Revolucionários são doentes mentais. Os exemplos de sua incapacidade para lidar com a realidade como pessoas maduras e normais são tantos e tão gigantescos que seu mostruário não tem mais fim. Cito um dentre milhares. O sentimento de estar constantemente exposto à violência e à perseguição por parte da "direita" é um dos elementos mais fortes que compõem a auto-imagem e o senso de unidade da militância esquerdista. No entanto, se somarmos todos os ataques sofridos pelos esquerdistas desde a "direita", eles são em número irrisório comparados aos que os esquerdistas sofreram dos regimes e governos que eles próprios criaram. Ninguém no mundo perseguiu, prendeu, torturou e matou tantos comunistas quanto Lenin, Stálin, Mao Tsé Tung, Pol Pot e Fidel Castro. A militância esquerdista sente-se permanentemente cercada de perigos, e nunca, nunca percebe que eles vêm dela própria e não de seus supostos "inimigos de classe". Esse traço é tão evidentemente paranóico que só ele, isolado, já bastaria para mostrar a inviabilidade do debate racional com essas pessoas.

O que separa o democrata do revolucionário não são crenças políticas. É um abismo intransponível, como aquele que isola num mundo à parte o psicótico clinicamente diagnosticado. O que pode nos manter na ilusão de que essas pessoas são normais é aquilo que assinalava o Dr. Paul Serieux: ao contrário dos demais quadros psicóticos, o delírio de interpretação não inclui distúrbios sensoriais. O revolucionário não vê coisas. Ao contrário, sua imaginação é empobrecida e amputada da realidade por um conjunto de esquemas ideais defensivos.

A mentalidade revolucionária é uma incapacidade adquirida, é uma privação de autoconsciência e de percepção. Por isso mesmo, é inútil discutir o "conteúdo" das idéias revolucionárias. Elas estão erradas na própria base perceptiva que as origina. Discutir com esse tipo de doente é reforçar a ilusão psicótica de que ele é normal. Uma doença mental não pode ser curada por um "ataque lógico" aos delírios que a manifestam. Se o debate político nas democracias sempre acaba mais cedo ou mais tarde favorecendo as correntes revolucionárias é porque estas estão imunizadas por uma incapacidade estrutural de perceber a realidade e entram no ringue com a força inexorável de uma paixão cega. E não se pode confundir nem mesmo este fenômeno com o do simples fanatismo. Fanatismo é apenas apego exagerado a idéias que em si mesmas podem ser bastante razoáveis. Em geral, mesmo o mais louco dos revolucionários não é um fanático. É um sujeito que expressa com total serenidade os sintomas da sua deformidade, dando a impressão de normalidade e equilíbrio justamente quando está mais possuído pelo delírio psicótico.

Na peça de Pirandello, Henrique IV, um milionário louco se convence de que é o rei Henrique IV e força todos os seus empregados a vestir-se como membros da corte. No fim eles já não têm mais certeza de que são eles mesmos ou membros da corte de Henrique IV. É este o perigo a que os democratas se expõem quando aceitam discutir respeitosamente as idéias do revolucionário, em vez de denunciar a farsa estrutural da própria situação de debate. A loucura espalha-se como um vírus de computador. A maioria dos democratas que conheço é inteiramente indefesa em face da prepotência psicológica do discurso revolucionário. Daí a hesitação, a pusilanimidade, a debilidade crônica de suas respostas ao desafio revolucionário. Uma doença mental não pode ser "respeitada", aliás nem "desrespeitada". O respeito ou o desrespeito supõem um fundo de convivência normal, que justamente o delírio revolucionário torna impossível.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O nada é quase tudo
Quase todo o Universo é formado de puro vazio. Eesse vazio completo - o nada - é muito mais pesado quetodo o resto do cosmo. Não entendeu? Os cientistas também não. Mas a história por trás disso é fascinante.
por Flávio Dieguez
A história das descobertas sobre o Universo tem sido uma humilhação atrás da outra para a humanidade. Um resumo: há 2 mil anos, imaginava-se que éramos o ápice da criação e nosso planeta, o centro do mundo. Mas a Terra acabou se revelando um dos muitos súditos do Sol, e o Homo sapiens, um neto recente na genealogia dos macacos. Até o Sol, que foi um símbolo da divindade em outros tempos, não passa de um grão de poeira brilhante entre incontáveis estrelas. O orgulho humano, naturalmente, ficou reduzido a praticamente nada.

Mas eu disse nada? Não foi por acaso. É que não chegamos ainda ao fundo do poço – e o fundo do poço é justamente o nada. Nadinha de nada. Elimine todo tipo de matéria ou de radiação, até os gases mais rarefeitos e as menores partículas atômicas. Agora estenda a limpeza aos quatro cantos do espaço. Você criou um Universo vazio. Claro que isso é um absurdo – algo como uma laranja sem gomos nem casca.

Mas vale a pena insistir nessa experiência imaginária porque os cientistas que estudam o Universo fizeram algo parecido com ela. O que descobriram é, ao mesmo tempo, muito difícil de acreditar e praticamente impossível de contestar. Especialistas de várias universidades americanas, com base em imagens da radiação de fundo do Universo – o brilho que sobrou do Big Bang –, chegaram à conclusão de que, se você tirar tudo o que é possível do cosmo, toda matéria, todos os micróbios, as rochas, animais, galáxias, átomos, luz, ele ainda continua pesando três quartos do que pesava antes. Para ser preciso, restam 73% da massa original.

Nenhuma pessoa sensata aceitaria a sugestão de que essa é a massa do nada. Só que os físicos, cosmologistas e astrônomos não são pagos para terem bom senso – sua obrigação é investigar o cosmo com todo rigor e descobrir do que ele é realmente feito, por mais estranho que possa parecer. Eles estão, há muito tempo, convencidos de que, mesmo num lugar vazio, existe alguma coisa (veja na próxima página uma breve história do conceito do nada). Mas nem essa gente tão acostumada a surpresas esperava que essa alguma coisa fosse a maior coisa que existe, a ponto de carregar, sozinha, três quartos da massa do Universo. O Universo é quase todo nada (veja no quadro da página 72 a medida do quanto ele é vazio).

Esse paradoxo é o mais impressionante e assustador de todos os pesadelos para o velho e cada vez mais distante sonho da humanidade – o de decifrar os segredos do cosmo. As descobertas são mais um golpe duro no nosso orgulho. Até porque, mesmo entre aqueles 27% que sobram quando excluímos o nada, 23% são, na verdade, um tipo bem estranho de matéria: a matéria escura, que contém esquisitices como os buracos negros, sobre a qual sabemos bem pouco. Nós – as coisas feitas de átomos, como pessoas, planetas, estrelas e galáxias – não passamos de 4% do total. Essa é a verdadeira medida da nossa insignificância cósmica.

O mais chocante é descobrir, a essa altura dos acontecimentos, que somos grãos de poeira suspensos entre o nada. Não é muito fácil explicar o que isso significa. A saída é imaginar que o nada está embutido dentro do próprio espaço. Cada grama de matéria está permeado por uma imensidão invisível de nada. Esta revista, nas suas mãos, contém toneladas de nada. E você, leitor – não leve a mal –, está cheio de nada. Pense em uma malha muito fina escondida debaixo de cada trilionésimo de milímetro do cosmo e que atravessa tudo, inclusive os nossos corpos. Com um detalhe: essa malha é totalmente imperceptível e inofensiva em condições normais, mas é muito maior do que tudo o que está “acima” dela. Caso contrário, não teria o peso que tem. Os cientistas costumam descrevê-la como um abismo imenso, escavado sob cada ponto do espaço. E até eles ficam assustados com essa imagem.

“Quem garante que, neste exato momento, o Universo não está prestes a ser tragado para dentro desse vazio?”, afirma o astrônomo americano Sten Odenwald, com a preocupação típica de quem sabe demais. “E se algum acidente nos laboratórios nos atirar para dentro do nada?” Odenwald é autor de um dos muitos livros recentes, todos escritos por cientistas perplexos com essa nova e contraditória cara da realidade. Logo na abertura de seu livro (Patterns in the Void, ou “Padrões no Vácuo”, inédito no Brasil), ele compara a descoberta do nada às “constelações negras” dos incas – que, em vez de traçar desenhos no céu ligando as estrelas, admiravam e temiam as manchas escuras do céu, formadas pelas áreas sem estrelas. Estaríamos agora numa situação parecida: passamos séculos estudando pontos de luz, para agora descobrir que eles são meras exceções num cosmo repleto de sombras.

Mas como é que os cientistas encontraram esse nada todo? Ele funciona mais ou menos como o sistema financeiro. Suponha que você é empresário, mas não tem capital. Então faz um empréstimo, aplica o dinheiro e quita a dívida com a renda do negócio. Resultado: você, que não tinha nada, não só devolve o que pegou como passa a ter alguma coisa. Essa também é a lógica que rege o comércio entre o espaço comum e o nada que permeia tudo: em certas ocasiões, o espaço pode emprestar um pouco de matéria do vazio. Por exemplo, quando se aciona um acelerador de partículas, um equipamento que provoca uma trombada gigante entre minúsculos componentes do átomo, surge da batida outra subpartícula que não estava lá antes. É que a enorme energia liberada puxa do nada (por empréstimo) um pedacinho de matéria que estava escondido lá. A diferença entre essa economia e a dos investidores é que nela não há chance de calote.

Tudo o que se pega volta automaticamente para o dono no prazo estipulado, incrivelmente curto. Nas finanças cósmicas, o giro do capital dura bilionésimos de segundo. As partículas que surgem somem quase imediatamente.

Por isso o nada parece vazio: quem olha de relance não vê as transações e pensa que o lugar ficou vago o tempo todo. Só quando os físicos passaram a olhar o espaço com a atenção necessária, usando aceleradores de partículas e monitorando com imensa precisão o que acontece após uma colisão, começaram a perceber as entradas e saídas de matéria na contabilidade do vácuo. Mas ainda não se sabe que tipo de moeda está guardada no Banco Central do Universo – em outras palavras, ninguém entende bem como funciona toda aquela matéria escondida. Isso porque os empréstimos já chegam ao espaço usual convertidos em moeda comum, ou seja, na forma de partículas conhecidas – como os elétrons, prótons, fótons e similares. Ninguém os viu na forma como são normalmente.

Nesse ponto, Odenwald tem razão. Estamos apenas começando a mexer com algo muito grande que não entendemos bem. Afinal, não é fácil emprestar partículas do nada. Elas surgem e tornam a sumir bem antes de percorrer uma distância equivalente ao diâmetro de um núcleo atômico. Daí por que o nada demorou tanto para ser identificado. Essas subpartículas são notadas desde o início do século 20, mas naquela época apareciam em quantidades insignificantes – ninguém desconfiava que fossem tão importantes.

Por sorte, o próprio Universo se encarregou de iluminar um pouco o alvo dos detetives. Foi quase sem querer, em uma pesquisa realizada com telescópios no Chile e em outras partes do mundo, em 1997. A idéia era verificar se a expansão do Universo perdia força. Só para lembrar, o cosmo nasceu há 14 bilhões de anos numa explosão apelidada de Big Bang, e de lá para cá vem crescendo. A expectativa, naquela época, era verificar que a expansão já estivesse mais lenta. Em vez disso, os astrônomos viram que ela está acelerando cada vez mais. Ninguém conseguia enxergar qual motor poderia estar expandindo o cosmo inteiro. A única possivel explicação – tente adivinhar – é que todo o nada escondido entre a matéria a esteja empurrando.

Todos os dados coletados desde 1997 confirmam essa hipótese, indicando que a aceleração cósmica pode ser uma das maiores descobertas de todos os tempos. As porcentagens da composição do Universo são a demonstração mais espetacular de que o nada é um poço sem fundo, cheio de energia cósmica cristalizada. Ops, energia cristalizada? Ninguém falou que ia ser simples – você começou a ler porque quis.

Pulemos para outra analogia – chega de economia. Pense na água. Quando a temperatura baixa, seus átomos se mexem menos, acalmam-se, e suas propriedades mudam: ela vira gelo. Os físicos acham que algo parecido aconteceu com o nada. No começo, quando o Big Bang deixou o Universo quente à beça (sua temperatura, em graus Celsius, se escreve com o 1 seguido de 30 zeros), o nada ainda não existia. O que existia eram partículas bem parecidas com os prótons, elétrons, nêutrons e fótons de que o tudo é feito – pequenos pedaços de matéria se movendo em alta velocidade. À medida que o Universo foi esfriando, essas partículas se acalmaram, como ocorre com a água quando congela. O nada é o resultado disso – é essa energia cristalizada. Quando ela acalmou, ficou indetectável. E, quando um físico provoca uma trombada cósmica num acelerador de partículas, a energia liberada é tão enorme que agita de novo o pedacinho do nada, fazendo-o deixar de ser nada.

O cosmo cresceu muito desde o Big Bang e seu calor, com o tempo, se diluiu. Hoje a temperatura média do Universo é de 270 graus negativos. O nada está congelado desde segundos depois do Big Bang, quando a temperatura caiu para pouco mais de 1 trilhão de graus. Em poucas palavras, isso significa que a matéria de que ele é feito – seja ela qual for – simplesmente sumiu. Passou a não ter a menor interferência no que acontece à sua volta. Por isso é que, no Universo de hoje, ela é... nada. Quer dizer que o nada está mortalmente quieto: armazenou a imensa energia do Big Bang e acomodou-se. Virou o esqueleto do cosmo.

Mas é exagero dizer que o nada sumiu para sempre. Primeiro porque a aceleração cósmica está aí, mostrando que pode haver um resíduo do nada ainda ativo. Depois porque, como acontece com o gelo, basta reaquecer o vácuo para que a matéria-esqueleto saia do seu abismo para o andar de cima do Universo. Até hoje, desde que, em 1930, começou-se a fazer experiências com os precursores dos aceleradores de partículas, o equivalente a 1 863 272 195 prótons foram trazidos do nada – uma insignificância. Não conseguimos ainda provocar o aparecimento de pedaços maiores, que poderiam nos ajudar a descobrir do que é feito o nada. A primeira tentativa mais ousada de mexer nele está em curso há três anos, em uma máquina de 360 milhões de dólares, instalada no Labotório Nacional de Brookhaven, nos Estados Unidos. Chama-se Colisionador Relativístico de Íons Pesados, e sua função é fazer núcleos do átomo de ouro colidir a quase 1 bilhão de quilômetros por hora.

Isso eleva a temperatura no ponto de colisão a 1,5 trilhão de graus Celsius, o suficiente para forçar um pedacinho do nada a mostrar sua face.

Foi justamente essa máquina que acendeu a luz de alerta para Odenwald. Ele acha que existe certa falta de respeito diante do desconhecido, como se tudo o que pesquisamos fosse para o bem e não houvesse lugar para o mal dentro do conhecimento. Tudo bem: mesmo com cálculos aproximados, dava para saber que a chance de um acidente em Brookhaven era praticamente nula. Afinal, ela só é capaz de abrir uma torneirinha de energia pouco maior que o diâmetro de um átomo de ouro, ou seja, 100 mil vezes menor que 1 milímetro. Que mal poderia haver?

Que tal uma reação em cadeia? As bombas atômicas também começam a vomitar energia a partir de uns poucos átomos de urânio. Só que essa energia desequilibra outros átomos e assim por diante, numa escalada cujo resultado conhecemos bem. Em Brookhaven a situação seria infinitamente pior, porque as reações nucleares, dentro das bombas, afetam apenas o urânio. Mas a energia do vácuo é universal, não tem fronteira – ela está em cada milímetro de tudo. Poderia passar do ouro para as paredes do colisionador, para o solo e para o planeta inteiro. Poderia vazar pelo vácuo entre os planetas. Foi isso que o teórico Frank Wilczek, da Universidade Princeton, disse casualmente numa entrevista. Alguns dias depois, deu no New York Times: “Máquina do Big Bang poderia destruir a Terra”.

Isso forçou os pesquisadores a refazer todos os cálculos. No final, não havia mesmo risco. Mas Odenwald acha que não aprendemos ainda a lição de humildade que a ciência impõe. Não apenas porque mostra como somos insignificantes diante do cosmo: para ele, o que mais faz falta é respeito pelos seus mistérios. Algo que os incas, que viam constelações nos espaços sem estrelas do céu, consideravam tão importante quanto o conhecimento em si.



A história do vazio
Como a ciênciadescobriu que o nadapode ser muita coisa
200 a.C.

O filósofo grego Aristóteles diz que não é possível a existência de espaço sem matéria. Ele cria o lema: “A natureza tem horror ao vácuo”

1643

O italiano Evangelista Torricelli, discípulo de Galileu, cria a primeira bomba de vácuo. A experiência é o primeiro passo para derrubar a doutrina de Aristóteles

1927

A física já aceita plenamente que existe espaço sem matéria. Mas o inglês Paul Dirac sugere que partículas de antimatéria poderiam brotar espontaneamente do vácuo

1947

O americano Richard Feynman incorpora de vez a idéia de que partículas atômicas podem surgir do vácuo por um ínfimo instante e voltar a desaparecer no vazio

1948

Hendrik Casimir põe duas chapas metálicas no vácuo, separadas por 0,02 milímetro. Elas ficam eletrificadas. Hoje se pensa que essa eletricidade vem da energia do vácuo

1980

Alan Guth e André Linde mostram que, ao nascer, o Universo teve um crescimento desabalado por bilionésimos de segundo. A causa: uma liberação formidável de energia do vácuo

1997

Descobre-se que o cosmo está de novo crescendo em ritmo acelerado. É possível que o novo impulso seja um resíduo de energia do vácuo, ainda em ação

2003

A análise de dados do satélite-telescópio WMAP leva a uma conclusão absurda: a de que 73% do peso do Universo vem do vazio. Absurda, porém incontestável


Vácuos e vácuos
Conheça os diversos graus do vazio
O VÁCUO DO DIA-A-DIA

É o das embalagens a vácuo. Consiste em reduzir em dez vezes a quantidade normal de ar na atmosfera. Num volume como o de um dado (1 cm3) existem 5 x 1019 moléculas de ar

VÁCUO DE ALTA QUALIDADE

Muito mais rarefeito que o das embalagens, esse vácuo existe dentro das lâmpadas comuns. É medido em 5 x 1012, ou 5 trilhões de moléculas ou átomos por cm3

O MELHOR QUE EXISTE

Só os grandes laboratórios especializados conseguem chegar à marca de 103, ou mil moléculas por cm3

NO ESPAÇO INTERESTELAR

Entre as estrelas existe muita matéria solta, como poeira ou gases. Esse material corresponde a um vácuo mil vezes maior que qualquer um que consigamos fazer e se mede em exatamente uma molécula por cm3

O UNIVERSO INTEIRO

Quando se considera o volume total do Universo, já não dá para achar nem uma molécula ou átomo num volume de 1 cm3 porque, na média, só se acha uma molécula a cada 10 milhões de cm3 . Não é que exista pouca matéria: a distância entre os astros é muito grande e aumenta o vácuo, na média


Para saber mais
Na livraria:

Patterns in the Void – Why Nothing Is Important, Sten Odenwald, Westview Press, EUA, 2002

O Universo Elegante, Brian Greene, Editora Schwarcz, 2001

The Accelerating Universe, Mario Livio, John Wiley & Sons, EUA, 2000